Portugal

Gabrielle chega com ventos de 200 km/h e mar revolto

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 horas atrás em 25-09-2025

Seis anos após a passagem do furacão Lorenzo, que afetou em especial as ilhas das Flores, Faial e Pico, em outubro de 2019, o arquipélago dos Açores prepara-se para ver passar já hoje o ciclone tropical Gabrielle.

O Gabrielle deverá passar pelos Açores como furacão de categoria 1 na escala de Saffir-Simpson (escala de 1 a 5, em que 5 é a categoria mais grave), provocando um agravamento do estado do tempo a partir do final do dia de hoje.

No grupo Central (Pico, Faial, Graciosa, Terceira e São Jorge) preveem-se “precipitação forte, vento com rajadas na ordem dos 200 quilómetros/hora de sul, a rodar para noroeste, e agitação marítima com ondas entre os oito e 10 metros de altura significativa, podendo a onda máxima atingir os 14 a 18 metros”.

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No grupo Ocidental (Flores e Corvo) também haverá precipitação forte e rajadas até 130 quilómetros/hora, com ondulação idêntica à do grupo Central.

Estes dois grupos estão com vários avisos vermelhos do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) – o mais grave numa escala de três – entre o final do dia de hoje e a manhã de sexta-feira. Vários concelhos ativaram o Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil e foi determinado o fecho de alguns portos, estando a região em situação de alerta entre as 18:00 de hoje e as 18:00 de amanhã (19:00 em Lisboa).

A maior rajada de vento registada no arquipélago dos Açores ocorreu a 15 de dezembro de 1989 na ilha de Santa Maria (grupo Oriental) e foi de 176 quilómetros/hora, uma ligeira diferença face ao recorde em Portugal continental – 176,4 quilómetros/hora, na Figueira da Foz, em 13 de outubro de 2018, segundo dados do IPMA.

Em 2019, a passagem do furacão Lorenzo levou à ativação do Plano Regional de Emergência de Proteção Civil dos Açores e foram também emitidos alertas. Escolas e outros serviços da administração pública regional foram encerrados, tendo em conta a passagem do furacão de categoria 2.

Na madrugada e na manhã de dia 02 de outubro desse ano, o Lorenzo provocou mais de 250 ocorrências e obrigou ao realojamento de 53 pessoas, na sua maioria na ilha do Faial, sem registo de vítimas.

Segundo as autoridades locais, os prejuízos foram causados “em várias áreas como infraestruturas portuárias e de apoio à atividade portuária, rede viária, equipamentos públicos, na habitação, nas pescas, na agricultura e no setor empresarial privado”.

O porto das Lajes das Flores foi totalmente destruído, condicionando fortemente o abastecimento por via marítima a uma ilha com cerca de 3.500 habitantes, e, segundo o Governo Regional dos Açores, os prejuízos em todo o arquipélago rondaram os 330 milhões de euros em vários setores.

O investimento total para a construção do novo porto comercial das Flores vai ser de cerca de 230 milhões de euros, uma obra que deverá ficar concluída em 2030, 11 anos após a passagem do furacão Lorenzo.

Nas últimas duas décadas os Açores viveram outros fenómenos meteorológicos significativos, incluindo dois em setembro de 2006: primeiro o furacão Gordon, que passou pelos grupos Central e Oriental (São Miguel e Santa Maria), e depois o furacão Helène, que passou a norte do grupo Ocidental.

Seis anos depois, a 19 de agosto de 2012, um furacão também denominado Gordon passou entre as ilhas de São Miguel e Santa Maria, provocando inundações, cortes momentâneos de energia elétrica e a obstrução de estradas.

Em setembro do mesmo ano foi a vez de a tempestade tropical Nadine atingir o arquipélago por duas vezes, com ventos de 80 a 90 quilómetros por hora, em média, e rajadas de 120 quilómetros por hora.

Já em 2016, logo em janeiro, um ciclone surgido no mar das Caraíbas deslocou-se para sul do arquipélago dos Açores, formando o furacão Alex. O Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores voltou a emitir um alerta vermelho para as ilhas dos grupos Central e Oriental e, novamente, todos os serviços públicos como escolas, tribunais e a Universidade dos Açores foram encerrados, assim como houve o cancelamento de ligações aéreas e marítimas.

O mau tempo voltou a fazer estragos, principalmente em São Roque, no concelho de Ponta Delgada (São Miguel).

O Alex, o primeiro desta natureza a ocorrer em janeiro em quase 80 anos, de acordo com meteorologistas norte-americanos, levou à emissão de aviso vermelho, o mais grave, para vento, agitação marítima e chuva para os grupos Central e Oriental.

A 14 de outubro de 2017, o furacão Ophelia (categoria 3) passou ao largo do grupo Oriental, mas sem causar danos: apenas foram registadas quedas de árvores, pequenas inundações e derrocadas.

Em setembro de 2018, foi a vez de a tempestade tropical Helène afetar o arquipélago, em particular Flores e Corvo, com 10 ocorrências, mas “sem danos humanos, nem materiais”.

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