Os sismos que agitaram a ilha grega de Santorini durante trinta dias no início do ano podem estar ligados a movimentos de magma sob dois vulcões nesta região das Cíclades, apontou na quarta-feira um novo estudo.
De 27 de janeiro ao início de março, foram registados milhares de sismos entre as ilhas de Santorini, Amorgos, Ios e Anafi, no mar Egeu.
Os abalos mais fortes, com magnitude entre 5 e 5,3, não provocaram vítimas nem danos materiais significativos.
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No entanto, causaram grande preocupação, levando as autoridades a declarar o estado de emergência durante um mês numa região conhecida pela sua intensa atividade tectónica e vulcânica.
De acordo com os autores do estudo publicado na Nature, acredita-se que esta atividade vulcânica seja a causa da onda de sismos, noticiou a agência France-Presse (AFP).
Localizada na convergência das placas tectónicas africana e anatólia, Santorini faz parte de um arco vulcânico com dois vulcões submarinos próximos, Nea Kameni e Kolumbo, a sete quilómetros (km) de distância.
Marius Iksen, do Centro de Geociências de Potsdam (Alemanha), Jens Karstens, do Centro de Investigação Oceânica de Kiel (Alemanha), e os seus colegas estudaram dados sísmicos, bem como vários meses de observações por satélite.
A cadeia de eventos começou em julho de 2024, quando o magma subiu de um reservatório pouco profundo abaixo de Nea Kameni.
Esta situação levou inicialmente a uma elevação quase impercetível de alguns centímetros da caldeira de Santorini, uma vasta cratera.
Após 27 de janeiro, os investigadores observaram uma transferência de magma de 7,6 km abaixo de Kolumbo para Nea Kameni, o que provavelmente desencadeou a onda de sismos.
Aproximadamente 300 milhões de metros cúbicos de magma infiltraram-se sob a forma de um dique — uma coluna de rocha fundida que se intromete numa fratura na crosta terrestre — com 13 km de comprimento e parando 3 a 5 km abaixo do fundo do mar.
Como resultado deste movimento magmático, a ilha de Santorini voltou a afundar-se, o que os autores interpretam como evidência de uma ligação até então desconhecida entre os dois vulcões.
“A situação em cascata dos eventos durante a crise pode indicar que os dois sistemas partilham e talvez compitam pelo mesmo fornecimento de magma em profundidade, implicando uma ligação hidráulica entre estes vulcões vizinhos”, sugeriram os autores do estudo.
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