Saúde

Novo teste de urina pode revolucionar a deteção do cancro da próstata

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 4 horas atrás em 24-09-2025

Durante décadas, o rastreio do cancro da próstata foi dominado por três letras: PSA. O exame de sangue do Antígeno Prostático Específico (PSA) continua a ser a primeira linha de defesa para milhões de homens. No entanto, apesar da sua ampla utilização, o PSA apresenta limitações significativas: é um teste pouco preciso, provoca ansiedade, desencadeia procedimentos dolorosos e nem sempre distingue entre nódulos agressivos e inofensivos.

Cerca de um em cada oito homens será diagnosticado com cancro da próstata ao longo da vida, sendo o PSA a forma mais comum de detecção. No entanto, níveis elevados desta proteína podem dever-se a condições benignas, como hiperplasia prostática ou inflamação, levando a falsos positivos e a biópsias muitas vezes desnecessárias.

É neste contexto que surge um novo estudo da Universidade Johns Hopkins, que desenvolveu um teste de urina simples e não invasivo capaz de detetar o cancro da próstata com uma precisão de 91%, superando os métodos existentes.

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Em vez de medir uma única proteína, os investigadores focaram-se no material genético libertado pelas células da próstata para a urina. Inicialmente, foram identificados 815 sinais de RNA distintos entre homens com cancro e indivíduos saudáveis. Após cruzamento com o Atlas do Genoma do Cancro, 95% dos genes com expressão aumentada confirmaram origem tumoral.

A equipa reduziu depois os candidatos a 50 sinais promissores e, finalmente, identificou três moléculas-chave de RNA — TTC3, H4C5 e EPCAM — que formaram a base do novo teste. O TTC3 revelou ainda um papel no crescimento do cancro, e o seu bloqueio em laboratório reduziu a capacidade invasiva das células tumorais.

Estes três marcadores foram combinados numa única “assinatura” testada em centenas de homens. O grupo de desenvolvimento registou uma sensibilidade de 94% e especificidade de 86%, enquanto o grupo de validação apresentou 91% de sensibilidade e 84% de especificidade. Em termos práticos, o teste deteta com fiabilidade o cancro quando presente e tranquiliza os pacientes quando não está.

Além disso, o teste distingue com precisão entre cancro e condições benignas, reduzindo biópsias desnecessárias e procedimentos invasivos.

“Este novo painel de biomarcadores oferece um teste diagnóstico não invasivo promissor, sensível e específico para cancro da próstata”, afirma Ranjan Perera, diretor do Centro de Biologia de RNA do Hospital Infantil Johns Hopkins. O painel abre caminho para um rastreio mais preciso, menos invasivo e menos ansioso, permitindo detetar precocemente os cancros agressivos e monitorizar recorrências após tratamento.

Christian Pavlovich acrescenta que “um biomarcador urinário preciso seria uma adição valiosa ao arsenal diagnóstico atual”, enquanto Vipul Patel destaca a importância de prosseguir os estudos para tornar esta tecnologia acessível na prática clínica.

Apesar dos resultados promissores, são necessários ensaios clínicos mais amplos para validar o desempenho do teste em populações diversas e definir o seu papel na decisão clínica. Ainda assim, esta “biópsia líquida” com três marcadores representa um avanço significativo na deteção do cancro da próstata, oferecendo uma nova esperança para pacientes e médicos.

O estudo foi publicado na revista eBio Medicine.

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