Nos últimos tempos, vários vídeos nas redes sociais têm circulado afirmando que aplicar óleo de rícino nas mamas pode curar o cancro. Segundo os autores, bastaria colocar uma compressa embebida no óleo ou aplicá-lo diretamente sobre o tumor para que este diminuísse até desaparecer.
Mas será verdade? Especialistas alertam que não. O óleo de rícino, extraído das sementes da planta Ricinus communis, tem apenas uma utilização médica reconhecida: como laxante estimulante para obstipação ocasional. A Food and Drugs Administration (FDA), autoridade reguladora dos medicamentos nos Estados Unidos, recomenda-o exclusivamente para esse fim e não há qualquer evidência de eficácia contra tumores em humanos.
Estudos realizados em laboratório ou em animais podem sugerir efeitos sobre células tumorais, mas não comprovam que o óleo trate o cancro. Na realidade, as pesquisas utilizam outros compostos da planta e não o óleo aplicado topicamente. Além disso, o óleo de rícino é frequentemente confundido com ricina, uma toxina que chegou a ser testada como tratamento oncológico nos anos 80, mas que não foi aprovada devido à sua alta toxicidade.
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Um derivado do óleo de rícino é utilizado como solvente do medicamento paclitaxel, usado em quimioterapia, mas não é este componente que combate o tumor — apenas permite que o fármaco seja administrado. Mesmo assim, o uso do solvente pode causar reações de hipersensibilidade, levando ao desenvolvimento do nab-paclitaxel, sem esse derivado.
O perigo do mito é real: influenciadores que promovem terapias alternativas, como Bárbara O’Neill, afirmaram que o óleo de rícino poderia curar tumores cerebrais e penetrar profundamente no corpo, alegando que “estes caroços desaparecem”. Especialistas alertam que adiar tratamentos clínicos comprovados pode ser fatal, já que o tumor pode avançar, debilitando o paciente e comprometendo funções vitais como fala, deglutição e mobilidade.
Ana João Pissara, especialista consultada pelo Viral, reforça: “As pessoas iniciam este tipo de terapêuticas alternativas e, depois, quando vão ao médico para iniciar tratamento adequado, o tumor já está numa fase muito avançada”.
O alerta é claro: não existem evidências científicas de que o óleo de rícino trate o cancro da mama, e a sua utilização para esse fim pode colocar a vida em risco.
Por isso, segundo o Polígrafo, é falso.
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