Luís Miguel Militão, conhecido como o “Monstro de Fortaleza” e condenado pela morte de seis empresários portugueses no Brasil, em 2001, falou durante uma saída precária da prisão, onde cumpre pena há 24 anos.
Numa entrevista concedida à CNN Portugal/TVI, Militão assume pela primeira vez de forma clara que deu a ordem para matar. “Eu errei em todos os momentos, mas errei mais quando disse ’se não fizermos o que combinámos, amanhã somos todos presos’. Isso foi uma ordem. Indireta, mas foi”, afirmou, sublinhando que o grupo decidiu matar “por medo de ser descoberto”.
Apesar da confissão, Militão insiste que não atraiu os homens para o Brasil com intenções criminosas: “Convidei apenas uma pessoa, de forma informal, para vir usufruir das belezas do Nordeste brasileiro. Não existia motivação criminosa para esse convite.”
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O português recorda a proximidade que tinha com uma das vítimas, António Rodrigues, descrevendo-o como um amigo que o apoiou em momentos difíceis em Portugal. Foi essa relação que acabou por abrir caminho à chegada de outros empresários, passando de três para seis viajantes.
Militão recusa, no entanto, revelar os nomes dos cúmplices: “Eles também são seres humanos que se arrependeram.” Segundo o condenado, terá sido um desses homens a sugerir o assassinato: “Eu disse que não tinha coragem de matar ninguém. Eles responderam: ‘ah, eu tenho’.”
Sobre a execução do crime, o português garante que não participou fisicamente: “Fui sequestrado como eles, para parecer que não estava envolvido. Saí da barraca com as senhas dos cartões e não assisti ao que aconteceu. Só soube depois pela imprensa.”
Ainda assim, admite que o grupo agiu sob o efeito de álcool: “Estávamos embriagados. Sem beber não teríamos essa coragem.”
Apesar de assumir a responsabilidade pelo plano, Militão considera que está preso ilegalmente e exige ser libertado: “A minha participação é total, mas não matei ninguém.”
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