Política
Coimbra: Catarina Martins valoriza saberes das mulheres rurais e povos indígenas como resposta à crise climática

Imagem: Facebook
A candidata presidencial Catarina Martins afirmou hoje que as mulheres são mais afetadas pela crise climática, propondo como uma das soluções o reconhecimento dos saberes de mulheres que vivem no espaço rural europeu e de povos indígenas.
A eurodeputada e antiga coordenadora bloquista discursava na mesa-redonda “Compromissos europeus e internacionais”, da conferência “Mulheres e Clima”, que decorre hoje no Convento São Francisco, em Coimbra.
Ao longo da sua intervenção, apontou que as mulheres são mais afetadas pelas alterações climáticas devido “à sua vulnerabilidade, desde logo económica”, assim como “pela sua responsabilidade imensa, maior do que a dos homens, pelo cuidado da comunidade”.
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Segundo a candidata, tanto a mitigação das alterações climáticas, como a adaptação do território, tem tudo a ganhar com soluções baseadas na natureza.
“E essas soluções baseadas na natureza são, muitas vezes, um conhecimento que comunidades têm e as mulheres são as guardiãs desse conhecimento nessas comunidades”, sublinhou.
Para a eurodeputada, “isso é verdade tanto nas comunidades rurais na Europa, como é verdade nas comunidades indígenas”.
O olhar não deve ser apenas “sobre o chamado sul global”, mas também voltado para “os nossos territórios: quanto desse conhecimento não existe [com as mulheres presentes em espaços rurais]?”.
Relatora para a COP30, no Brasil, agendada para novembro, Catarina Martins adiantou que a ministra brasileira do Meio Ambiente, Marina Silva, “está muito interessada em discutir”, no evento, “o Plano de Lima para a igualdade de género, que tem como objetivo que as mulheres possam participar mais nas decisões” ligadas ao tema.
Na sua intervenção, a candidata afirmou também que discutir do problema de habitação como sendo uma questão de construção é, “do ponto de vista do clima, desastroso, num território como o português ou como o europeu, fortemente urbanizado, com muitos solos impermeabilizados”.
Além de um aumento na construção, que distancia as pessoas dos locais de trabalho e de serviços públicos, é crucial ter atenção a qualidade do que está a ser edificado, porque “Portugal não é um país de clima ameno”.
“É preciso ter um teto com eficiência energética, tanto para diminuir o consumo da energia, que é fundamental a qualquer transição climática justa, como também para garantir a qualidade de vida”, disse.
De acordo com a responsável, também são as mulheres que “mais sofrem com a crise da habitação”, porque são a estas que dizem “que vão perder o filho, porque não têm um teto”.
Fazendo referência ao aumento da carga de trabalho, um ponto especialmente prejudicial ao género feminino, “que são cuidadoras dos seus filhos, dos seus pais, da sua comunidade”, alertou ainda para um envelhecimento na Europa com “pouca qualidade de vida e com mais doença crónica”.
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