O tema dos transportes tem aquecido a pré-campanha em Coimbra, com apostas, demissões e críticas, mas ainda com poucas propostas concretas sobre o futuro da mobilidade no concelho, numa altura em que arrancou de forma preliminar o ‘metrobus’.
Nas eleições autárquicas no concelho, José Manuel Silva recandidata-se ao cargo na coligação de sete partidos Juntos Somos Coimbra (agora reformulada), havendo também da parte do PS uma conjugação de esforços, com a entrada do Livre, PAN e movimento Cidadãos por Coimbra – CpC (que formalmente não pode integrar a coligação), numa candidatura encabeçada pela ex-ministra Ana Abrunhosa.
Além destas duas forças, vão também a jogo a CDU, que recandidata o atual vereador Francisco Queirós, o Bloco de Esquerda (BE) regressa à política local com o ex-deputado José Manuel Pureza depois de ter apoiado o CpC no passado e o Chega escolheu Maria Lencastre Portugal, uma antiga apoiante da candidatura de José Manuel Silva.
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O ADN candidata o motorista dos Serviços Municipalizados dos Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) Sancho Antunes, e a Nova Direita Tiago Martins, que abandonou a candidatura pelo Chega à Câmara de Soure.
O futuro dos SMTUC, que apresenta dificuldades na contratação de motoristas, o arranque da operação do Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM) e o planeamento em torno da futura estação de alta velocidade em Coimbra-B deverão ser temas centrais na campanha das autárquicas na cidade, mas também já dão combustível à pré-campanha, com apostas em reuniões do executivo e trocas na administração da Metro Mondego antes do fim do mandato.
Num dos primeiros debates organizados com grande parte dos candidatos à Câmara de Coimbra, o tema dos transportes esteve em cima da mesa e a interpretação de uma frase dita por José Manuel Silva levou a um embate entre o autarca e a vereadora do PS Rosa Isabel Cruz, numa reunião do executivo, dias depois, com uma aposta que levou a socialista a demitir-se e, mais tarde, a recuar na decisão.
Sobre a aposta em reunião do executivo, José Manuel Pureza disse que o caso mostra como PS e PSD transformaram aquele órgão local num “jardim infantil” e Maria Lencastre Portugal também usou as redes sociais para dizer que nunca utilizará “as reuniões de Câmara para fazer apostas”.
Na reunião do executivo, o vereador e candidato Francisco Queirós tentou demover os dois intervenientes do jogo, pedindo uma elevação do debate político – apelo que acabou por ser ignorado.
Além deste episódio, o início do mês de setembro foi marcado pela troca antes do fim do mandato dos dois vogais executivos da Metro Mondego ligados ao PS por dois nomes associados à coligação Juntos Somos Coimbra.
Ao mesmo tempo, o SMM, gerido pela Metro Mondego, começou de forma preliminar num troço de cinco quilómetros na cidade.
O trânsito provocado ao longo do mandato pelas obras associadas a este novo sistema poderá ter um efeito negativo no incumbente, que ao mesmo tempo procurará realçar o traçado já concluído e uma parte da cidade de cara lavada por essa mesma operação.
Apesar de ser no atual mandato que as obras avançaram, o SMM é também uma herança do anterior executivo liderado pelo PS, com as duas forças a reclamarem para si o que há de bom na intervenção e a culpabilizarem o outro lado pelo que há de mau.
Se já se começa a ver nas ruas cartazes das diferentes forças políticas, com ADN e Chega a colarem aos seus candidatos locais os líderes nacionais dos partidos, ainda não se conhece, por parte de uma boa parte das candidaturas, propostas concretas sobre transportes ou outros temas.
A exceção é feita ao Bloco de Esquerda, ADN e CDU, que já disponibilizaram os seus programas.
Já a candidatura do Chega vai anunciando algumas medidas nas redes sociais, indicando, ao mesmo tempo, um link para se conhecer o seu programa, que não funciona.
Enquanto José Manuel Silva partilha nas redes sociais aquilo que considera serem feitos do atual mandato, Ana Abrunhosa continua a desdobrar-se em visitas a diferentes entidades e associações, mas ainda sem desvendar as propostas concretas que estarão na sua candidatura.
Tiago Martins, da Nova Direita, recusou-se a falar à agência Lusa em agosto, depois de lhe ter sido perguntado se era ou foi militante de algum partido, considerando essa pergunta “ideológica”.
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