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Viajar dá juventude… até aos flamingos

Notícias de Coimbra | 54 minutos atrás em 13-09-2025

Imagem: Facebook Município da Figueira da Foz

Os flamingos migratórios envelhecem melhor e vivem mais tempo do que os que não migram, revela um estudo do Tour du Valat, um instituto de investigação para a conservação das zonas húmidas do Mediterrâneo.

Graças a um programa de anilhagem de escala única no mundo, com dezenas de milhares de aves monitorizadas durante 44 anos, os investigadores descobriram que o envelhecimento dos flamingos, cuja esperança de vida pode chegar aos 50 anos, depende da sua estratégia migratória.

Os flamingos são uma espécie com migração parcial, o que significa que alguns adultos optam por migrar todos os invernos, enquanto outros, designados por “residentes”, permanecem no mesmo local durante todo o ano.

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Embora os flamingos residentes, “bem estabelecidos nas lagoas do Mediterrâneo”, se saiam melhor no início da vida, principalmente porque correm menos riscos, começam a envelhecer logo aos 20 anos, 40% mais depressa do que os que migram.

Esta diferença pode ser explicada pelo facto de as aves sedentárias se reproduzirem mais cedo e com maior frequência, e o “custo” para a saúde destas aves desta elevada taxa de reprodução ser, em última análise, superior ao “custo” energético da migração.

O estudo publicado na revista “Proceedings of the National Academy of Science (PNAS)”, com base em mais de 27 mil indivíduos, avaliou dois critérios, a reprodução dos flamingos, que dura toda a vida, e a sua mortalidade.

Os flamingos decidem geralmente se migram ou não no início da vida adulta, explicou à agência France-Presse (AFP) Jocelyn Champagnon, coautora do estudo e diretora de investigação do Tour du Valat, localizado na região da Camargue, no sudeste de França.

Este comportamento migratório evoluiu entre os flamingos da Camargue desde a década de 1960 e “hoje em dia muitos permanecem perto dos seus locais de reprodução”.

Este fenómeno pode ser explicado “tanto pelo aquecimento global — antes, as vagas de frio do inverno podiam levar a elevadas taxas de mortalidade — como pela atratividade do local de reprodução”.

Os flamingos, que são animais coloniais, precisam de grandes números para garantir o sucesso da nidificação, acrescentou Champagnon.

“Estamos a acumular evidências que mostram que, dentro da mesma espécie, os indivíduos não envelhecem frequentemente na mesma proporção devido a variações genéticas, comportamentais e ambientais”, explicou Hugo Cayuela, outro coautor e investigador da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

O modelo do estudo “será interessante para ser aplicado também a outras espécies”, defendeu Champagnon.

A população de flamingos da Camargue, ameaçada na década de 1960, tem beneficiado de medidas de conservação na Camargue e no Mediterrâneo e está a aumentar de ano para ano.

Na primavera, são contabilizados mais de 50.000 indivíduos em todo o Mediterrâneo francês.

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