As crianças portuguesas estão a passar muito mais tempo em frente a ecrãs do que o recomendado internacionalmente, com dados nacionais a indicar que os pré-escolares (3 a 5 anos) utilizam ecrãs em média 2:34 por dia e as crianças do ensino básico (6 a 10 anos) cerca de 3:21 diárias, valores que ultrapassam largamente os limites considerados seguros.
A SalusLive, referência nacional em intervenção pediátrica, lembra que as recomendações internacionais aconselham até 60 minutos diários para os mais novos e até duas horas para os mais velhos.
O uso excessivo de ecrãs está associado a ansiedade, depressão, défice de atenção, dependência digital, isolamento social, dificuldades de comunicação, sedentarismo, obesidade, distúrbios do sono e problemas de visão e postura, especialmente quando substitui brincadeira, convívio familiar e descanso adequado.
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Existem idades mais críticas: dos 0 aos 2 anos o uso de ecrãs é totalmente desaconselhado, pois prejudica a linguagem, o vínculo afetivo e o sono; dos 2 aos 5 anos afeta a atenção e a autorregulação emocional; dos 6 aos 10 anos interfere na aprendizagem, no sono e nas relações sociais; e a partir dos 11 anos aumenta o risco de ansiedade, depressão e dependência digital, sobretudo pelo uso intensivo das redes sociais.
Pais e escolas têm um papel fundamental na limitação do tempo de ecrã, criando zonas sem ecrãs, negociando regras, propondo alternativas offline e estimulando atividades de socialização e movimento, incluindo a criação de zonas livres de ecrãs nos recreios, materiais para jogos cooperativos, dinâmicas de participação e rodas de conversa breves, envolvendo ainda os alunos na criação de brincadeiras. Se nada for feito, alerta a SalusLive, Portugal poderá ver surgir uma geração menos sociável, com maiores dificuldades emocionais e profissionais, menos preparada para cooperar, liderar e gerir frustrações, com reflexos sociais e económicos a médio prazo.
As recomendações da Sociedade Portuguesa de Pediatria indicam evitar totalmente ecrãs até aos 2 anos, limitar a 1 hora diária dos 2 aos 5 anos, até 2 horas dos 6 aos 10 anos e 2 a 3 horas a partir dos 11 anos, excluindo o uso escolar.
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