Educação

Cientista de Coimbra recebe 2 milhões para estudar o desenvolvimento do cérebro de recém-nascidos

Notícias de Coimbra com Lusa | 5 horas atrás em 04-09-2025

Um projeto para estudar o desenvolvimento do cérebro de recém-nascidos, para compreender que fenómenos o podem impactar nos primeiros dias de vida, vai receber uma bolsa de dois milhões de euros, atribuída a uma investigadora da Universidade de Coimbra.

Vanessa Coelho-Santos, cientista do Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde da Universidade de Coimbra (UC) e do Instituto de Fisiologia da Faculdade de Medicina da UC, conquistou uma bolsa Starting Grant do Conselho Europeu de Investigação (ERC, na sigla em inglês), que se aproxima dos 2,1 milhões de euros (ME).

O financiamento vai apoiar, durante cinco anos, a investigação que procura desvendar novas informações sobre o desenvolvimento do cérebro de recém-nascidos, de forma a compreender que fenómenos o podem impactar nos primeiros 28 dias de vida, anunciou hoje a UC, num comunicado enviado à agência Lusa.

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A investigadora vai estudar como se organiza a rede tridimensional de mais de 600 quilómetros de microvasos no cérebro, que se expande, sobretudo, após o nascimento, estruturas que não apenas protegem o cérebro, como também garantem oxigénio, nutrientes e remoção de resíduos.

Segundo Vanessa Coelho-Santos, citada no comunicado, ainda pouco se sabe sobre como se organizam as células endoteliais – a base dos microvasos sanguíneos – para criar a rede capilar cerebral, e de que forma as células do sistema imunitário do cérebro, as microglias, contribuem para essa formação durante o período neonatal, uma fase essencial do desenvolvimento do cérebro dos recém-nascidos.

“O grande enigma é perceber como é que as células endoteliais sabem onde se ligar: seguem sinais específicos onde algo indica o caminho ou já nascem com esse destino traçado?”, acrescentou.

“Ao desvendar o contributo das microglias na organização da rede de vasos sanguíneos no cérebro, será possível transformar a compreensão sobre como os vasos do cérebro se formam e como as respostas neuroimunes – nomeadamente após uma infeção ou dano cerebral – moldam a rede capilar cerebral e, consequentemente, influenciam o desenvolvimento do cérebro e a sua suscetibilidade a doenças neurológicas”, avançou a cientista.

Como explicou Vanessa Coelho-Santos, que desde 2017 estuda o desenvolvimento cerebral de recém-nascidos, a criação de novos vasos é fundamental para a regeneração após lesões cerebrais e a compreensão desses mecanismos durante o desenvolvimento pode trazer progressos na medicina regenerativa.

“Talvez a chave para explicar a resiliência e plasticidade do cérebro ao longo da vida esteja em perceber como esta rede se estabelece no período neonatal”, defendeu.

A cientista afirmou ainda que o financiamento obtido é crucial “para estudar o desenvolvimento fisiológico e como tudo acontece normalmente no cérebro”, apontando a investigação como solução para identificar e compreender processos que podem ajudar, no futuro, o tratamento de doenças cerebrais.

A bolsa vai financiar também a aquisição de um novo equipamento para avaliar, em tempo real (sem recurso a anestesias, mas indolor), a atividade cerebral de forma mais real, assim como a criação de uma equipa de investigação, com a contratação de quatro elementos.

De acordo com a UC, “as ERC Starting Grants são um financiamento altamente competitivo do Conselho Europeu de Investigação, sendo destinadas a financiar projetos de excelência de cientistas promissores em início de carreira, para que possam implementar os seus projetos e criar grupos de investigação”.

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