Economia

Governo substitui dois vogais da Metro Mondego antes do mandato terminar

Notícias de Coimbra com Lusa | 15 horas atrás em 02-09-2025

Os dois vogais executivos da Metro Mondego foram hoje substituídos por proposta do Estado, enquanto acionista maioritário, antes de o atual mandato terminar, decisão que mereceu críticas dos municípios da Lousã e Miranda do Corvo e do PS de Coimbra.

Em Assembleia Geral da Metro Mondego, que decorreu hoje de manhã, foi votada, por proposta do Estado, a demissão dos atuais vogais associados, mantendo o atual presidente do conselho de administração (CA), João Marrana, segundo os presidentes dos municípios de Miranda do Corvo e Lousã, contactados pela agência Lusa.

Do CA, saem Eduardo Barata, professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) e suplente nas listas do PS às autárquicas de 2021, e Teresa Jorge, antiga vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro e que foi chefe de gabinete e adjunta no executivo do Governo liderado por António Guterres.

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Os dois vogais executivos foram substituídos pelo chefe de divisão na Câmara da Figueira da Foz Ricardo Cândido e pela docente e coordenadora do curso de engenharia eletrotécnica no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC), Cristina Agreira, ambos membros do executivo da Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais, liderada pela coligação Juntos Somos Coimbra (PSD/CDS/NC/PPM/A/R/V).

À Lusa, o presidente da Câmara de Miranda do Corvo, Miguel Baptista (PS), referiu que o Estado, enquanto acionista maioritário, não apresentou justificações para a proposta de demissão, que acontece na “fase mais crítica do projeto”, quando se prepara para arrancar a operação até ao final do ano entre Serpins (Lousã) e Portagem (Coimbra).

“O ‘timing’ correto seria no final do mandato, em dezembro”, disse.

Os municípios da Lousã e Miranda do Corvo, ambos liderados pelo PS, votaram contra a decisão, divulgando hoje uma tomada de posição igual, em que consideraram que uma interrupção do mandato “criará instabilidade na gestão da empresa, num momento crucial para a entrada em funcionamento do sistema”.

“Qualquer alteração da sua administração neste momento poderá colocar em causa a estabilidade, a eficiência e a confiança indispensáveis para este arranque”, afirmaram as autarquias, notando ainda que a substituição antecipada dos dois vogais poderá implicar indemnizações e que as propostas não foram previamente articuladas com aqueles dois municípios que serão servidos pelo Sistema de Mobilidade do Mondego (SMM).

Questionado pela agência Lusa, o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, apenas disse que a substituição “é da responsabilidade da tutela, que é o acionista maioritário”

“É uma decisão da tutela [substituir antes do mandato terminar], não é da Câmara e nós respeitamos”, disse o autarca eleito pela coligação Juntos Somos Coimbra, considerando que a mudança, nesta altura, não criará dificuldades no SMM, “caso contrário, a tutela não tomaria esta decisão”.

“A máquina está a andar”, acrescentou.

Já a concelhia do PS de Coimbra, em nota enviada à Lusa, considerou a decisão de exoneração dos dois vogais como “irresponsável” e de “poder pôr em risco a execução do próprio Sistema de Mobilidade do Mondego”.

Para os socialistas, a decisão é justificada para “encaixar pessoas da confiança da coligação Juntos Somos Coimbra a um mês das eleições autárquicas”.

Em resposta à Lusa, o Ministério das Infraestruturas e Habitação apenas confirmou a realização da assembleia geral e a substituição de dois vogais “a partir de dia 04 de setembro”, sem avançar com qualquer esclarecimento sobre o porquê da mudança antes do fim do mandato.

A Metro Mondego gere a operação do SMM, que irá servir os concelhos de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã.

O SMM arrancou de forma preliminar na sexta-feira com um troço de cinco quilómetros em Coimbra, decisão também ela criticada pelos municípios de Miranda do Corvo e da Lousã.

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