Na pitoresca freguesia de Almalaguês, no concelho de Coimbra, sobrevive uma arte de tecer cujas origens se perderam no tempo.
Trata-se de uma tecelagem bordada, onde se recriam, com primor, motivos naturais ou geométricos estilizados, utilizando teares similares aos tradicionais teares persas.
Embora, originalmente, o linho fosse o material predominante, o algodão ganhou popularidade nas últimas décadas. As colchas, tapetes e atoalhados estão entre as peças mais notáveis desta arte, que se caracteriza pela minúcia e pelo cuidado, exigindo habilidades que só podem ser transmitidas através do saber ancestral das habilidosas tecedeiras da região. Um trabalho que, além de demandar paciência e atenção, envolve uma verdadeira relação de afetividade com o tear.
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Durante muitos anos, todas as mulheres de Almalaguês eram tecedeiras e praticavam a arte em casa, seja para atender às necessidades da família ou para garantir um sustento económico, vendendo suas criações a “senhoras de Coimbra” ou em feiras locais. No entanto, com o advento da indústria têxtil e a introdução dos teares mecânicos, o trabalho manual foi perdendo seu espaço e, muitas vezes, já não compensava economicamente.
Apesar da crescente industrialização, algumas das tecedeiras de Almalaguês mantiveram-se fiéis à tradição, continuando a trabalhar nos seus teares, transmitindo a arte de geração em geração. Estas mulheres, verdadeiras guardiãs de um património imaterial, teimam em preservar uma arte que se recusa a desaparecer, afirma a página da Câmara de Coimbra.
Hoje, é possível visitar Almalaguês e conhecer de perto o trabalho dessas tecedeiras, cujas mãos continuam a dar vida a peças únicas, mantendo viva uma arte que, apesar dos desafios, resiste ao passar do tempo. Almalaguês é, sem dúvida, um lugar onde o passado se encontra com o presente, preservando um legado cultural que merece ser admirado e reconhecido.
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