Um novo estudo publicado na revista científica Nature sugere que vírus respiratórios comuns, como a COVID-19 e a gripe, podem reativar células cancerígenas adormecidas nos pulmões de pacientes com cancro de mama, potencialmente levando à metástase em poucas semanas.
Segundo os investigadores, não seriam os vírus em si, mas sim as respostas imunológicas do corpo que desencadeiam este efeito.
A investigação, conduzida por uma equipa internacional, baseou-se em experiências com camundongos, onde a exposição ao SARS-CoV-2 ou à gripe provocou a ativação de células cancerígenas disseminadas (DCCs) nos pulmões. Em poucos dias, estas células formaram lesões metastáticas, regressando depois a um estado de dormência, mas mais propensas a multiplicarem-se no futuro.
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Karishma Kollipara, cirurgiã de mama do Hospital Universitário de Staten Island, explica que “as descobertas ressaltam a importância da vacinação e de estratégias preventivas em pacientes com historial de cancro, especialmente naqueles com doença metastática anterior”, pode ler-se no HuffPost.
Estudos anteriores já tinham indicado que inflamações crónicas, envelhecimento ou traumas podem reativar células cancerígenas adormecidas. Neste novo trabalho, os investigadores descobriram que citocinas inflamatórias, como a interleucina-6 (IL-6), libertadas durante infeções respiratórias, podem despertar estas células, enquanto outros glóbulos brancos do sistema imunológico ficam temporariamente comprometidos, permitindo que as células tumorais persistam e se multipliquem.
Embora o estudo tenha sido realizado em roedores, os autores alertam para a necessidade de precaução em humanos. Especialistas recomendam que sobreviventes de cancro de mama mantenham a vacinação atualizada contra gripe e COVID, sigam rigorosas medidas de higiene e procurem atendimento médico imediato se desenvolverem sintomas respiratórios. O uso de máscara em público, em caso de sintomas, também é aconselhado.
Segundo a Jennifer Wall Forrester, especialista em doenças infecciosas, estas descobertas poderão explicar o aumento da recorrência de cancro de mama durante a pandemia e reforçam a importância de medidas preventivas simples, que oferecem benefícios significativos com risco mínimo.
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