Uma gravação de voz de poucos segundos poderá, no futuro, ajudar médicos a identificar sinais precoces de cancro da laringe.
A conclusão é de um estudo publicado na revista Frontiers in Digital Health, que mostra como a inteligência artificial (IA) pode analisar padrões vocais e detetar desde nódulos benignos até lesões malignas em fase inicial.
A investigação, conduzida pela Oregon Health and Science University (EUA), analisou cerca de 12.500 gravações de voz de 306 pessoas da América do Norte. Os cientistas identificaram diferenças subtis no tom, na clareza harmónica e na relação entre sinal e ruído, que permitiram distinguir vozes saudáveis das que apresentavam lesões.
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“Com este conjunto de dados, poderíamos utilizar biomarcadores vocais para distinguir as vozes de pacientes com lesões nas pregas vocais das vozes sem lesões”, afirmou Phillip Jenkins, investigador principal do estudo.
O cancro da laringe afeta mais de um milhão de pessoas em todo o mundo e mata cerca de 100 mil por ano. Fatores como o tabagismo, o consumo de álcool e certas estirpes do papilomavírus humano (HPV) aumentam o risco da doença. A deteção precoce é crucial, já que as taxas de sobrevivência variam entre 35% e 90%, dependendo do momento do diagnóstico.
Atualmente, os métodos de rastreio incluem endoscopias e biópsias, procedimentos invasivos e de difícil acesso para muitos doentes. Uma ferramenta baseada em IA que analise a voz poderá tornar o diagnóstico mais rápido, económico e acessível.
A equipa sublinha, no entanto, que ainda são necessários conjuntos de dados maiores e testes clínicos rigorosos, incluindo com vozes femininas, para validar a tecnologia. Jenkins acredita que, com os próximos avanços, estas ferramentas poderão começar a ser testadas em contexto hospitalar dentro de dois anos.
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