A Unidade Local de Saúde (ULS) da Região de Leiria alertou hoje para o aumento da presença em Pombal do mosquito que transmite o zika e o dengue e pediu à população que adote medidas para evitar a propagação.
Numa nota de imprensa, a ULS referiu que, através do seu Departamento de Saúde Pública, identificou um aumento da presença do mosquito-tigre (Aedes albopictus) no concelho de Pombal, no âmbito das atividades regulares de vigilância.
“Embora não tenham sido registados casos de doenças associadas a este vetor em Portugal continental, importa destacar que o mosquito-tigre é potencial transmissor de vírus como dengue, zika e chikungunya, além de provocar picadas dolorosas e reações alérgicas em pessoas sensíveis”, avisou a ULS.
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À população, a ULS pediu para que colabore nas medidas de prevenção e controlo, que passam por eliminar águas paradas em pratos de vasos, pneus, garrafas, ralos ou outros recipientes, limpar e renovar frequentemente a água dos bebedouros de animais, manter calhas, algerozes e outros sistemas de escoamento desobstruídos, e guardar recipientes no exterior tapados ou virados para baixo.
Como medidas de proteção individual, a ULS recomendou a utilização de repelente de insetos, uso de roupa larga que cubra braços e pernas, e colocação de redes mosquiteiras nas janelas.
“Estas ações são essenciais para evitar a reprodução deste mosquito, cuja principal forma de combate é a eliminação dos locais de deposição de ovos”, os pequenos focos de água estagnada.
A agência Lusa, o coordenador do Departamento de Saúde Pública da ULS, Rui Passadouro, afirmou que o mosquito já tinha sido detetado, mas “com pouca frequência”, tendo sido recentemente detetado “já com ovos e um número bastante superior na região de Pombal”.
O médico explicou que este mosquito “tem a capacidade de ser o vetor de algumas doenças, como o zika, o dengue, e, portanto, havendo este vetor, a possibilidade de haver transmissão da doença é mais provável”, frisando, contudo, não haver ainda casos destas doenças em Portugal continental.
Segundo Rui Passadouro, “do ano passado para este ano, aumentou cerca de 10 vezes o número de capturas” do mosquito em Pombal.
“Isto não é um alerta de pânico, é um alerta construtivo, porque o que queremos que as pessoas façam é verificar os sítios onde estes mosquitos depositam os ovos e depois crescem os mosquitos. Portanto, onde houver águas paradas, isto pode acontecer”, adiantou.
Em julho de 2024, a Direção-Geral da Saúde (DGS) recomendou a autarquias, empreendimentos turísticos e entidades do setor agrícola, industrial, entre outras, a adoção de medidas de prevenção e controlo do mosquito que transmite o zika e o dengue.
Numa orientação publicada na sua página, a DGS sustentou que, perante a deteção da espécie invasora Aedes albopictus em diferentes freguesias e concelhos de Portugal continental, importa reforçar os mecanismos de prevenção e controlo visando a redução da abundância ou eliminação desta espécie de mosquito.
Segundo a DGS, as deteções mais recentes do mosquito invasor em Portugal tinham sido registadas nos municípios de Cascais e Pombal e têm correspondência ao nível de risco 1 (amarelo), numa escala de 0 a 3, definida segundo os diferentes cenários relativamente à presença de mosquitos Aedes e deteção de casos de doença, conforme definido no Plano Nacional de Prevenção e Controlo de Doenças Transmitidas por Vetores.
A presença de mosquitos invasores Aedes em Portugal iniciou-se com a deteção de Aedes aegypti na Madeira em 2005. A espécie Aedes albopictus foi introduzida no continente em 2017 no Norte (Penafiel), em 2018 no Algarve (Loulé) e em 2022 no Alentejo (Mértola).
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