Entre prensas, agulhas e brunidores, a Chronospaper transforma a arte da encadernação e do restauro numa forma de travar o tempo. Fundada por Maria Ferreira, a oficina, em Coimbra, protege livros e documentos raros, mantendo vivas histórias que atravessam gerações.
A ligação de Maria Ferreira aos livros começou durante a infância. Passava horas à espera da Biblioteca Itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian. O fascínio não se limitava à leitura: interessava-lhe também a estética e a durabilidade dos volumes. O percurso académico e profissional na área da encadernação e restauro levou-a, anos mais tarde, a criar a Chronospaper. “O objetivo era recuperar a tradição da encadernação manual e oferecer serviços personalizados de qualidade”, explica.
O nome da oficina resulta da junção de duas palavras: “Chronos”, tempo, e “paper”, o papel, uma escolha que reflete a missão do projeto: prolongar a vida dos livros e conservar a memória que carregam.
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Na Chronospaper são desenvolvidos três tipos principais de trabalho: encadernação – criação de capas personalizadas para livros antigos ou edições limitadas, muitas vezes destinadas a colecionadores; conservação e restauro – recuperação de obras raras e valiosas, respeitando a sua integridade histórica e cultural; cartonagem – produção de caixas e suportes para acondicionar livros e documentos, assegurando a sua preservação.
“Todos os trabalhos exigem tempo e rigor. O maior desafio é reduzir o período de espera entre a contratação e a entrega do projeto”, sublinha Maria. O trabalho da oficina envolve ferramentas de várias áreas: marcenaria, ferraria, ourivesaria, costura. Entre prensas, guilhotinas, rodas de gravação e brunidores, a diversidade de instrumentos demonstra a complexidade do ofício.
Embora muitas vezes associada ao campo artístico, Maria considera a sua atividade essencialmente científica. “É preciso estudar cada obra e aplicar procedimentos que garantam a sua preservação. A arte está presente nas técnicas originais de encadernação e decoração, mas o restauro exige sobretudo investigação e rigor.”
Além do trabalho de oficina, a Chronospaper organiza workshops e formações com o objetivo de ensinar técnicas de encadernação e conservação a profissionais e curiosos. “São iniciativas que permitem valorizar e manter vivas tradições que, de outra forma, poderiam perder-se”, refere a fundadora.
Restaurar livros é, também, preservar identidades. “A memória é um elo de ligação. Permite-nos reconhecer o nosso passado e valorizar objetos que nos marcam, como álbuns de família ou livros que atravessam gerações.”
Atualmente, Maria Ferreira está focada no seu doutoramento, o objetivo é regressar à Chronospaper com novos conhecimentos para acrescentar valor ao projeto.
Chronospaper – Oficina de conservação, restauro e encadernação, está localizada na Lufapo Hub, Rua Cel. Júlio Veiga Simão. O atendimento é por marcação pelo e-mail.
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