Pedro Bento, que partiu de bicicleta no dia 01 de julho do Cabo das Agulhas, na África do Sul, chegou na quinta-feira ao topo do Kilimanjaro em mais uma aventura solidária, disse hoje à Lusa o atleta português.
“Há muito tempo que pensava em fazer uma aventura solidária em África e este ano consegui reunir todas as condições para isso. Como sempre fui impulsionado por desafios que colocam à prova os limites físicos e mentais, o “BakonBike Kilimanjaro” surgiu da vontade de criar algo único, que ligasse dois pontos emblemáticos de África — do extremo mais a sul (África do Sul) ao ponto mais alto do continente (Pico Uhuru, na Tanzânia)”, disse o atleta de Almeirim.
Esta foi a quarta aventura com fins solidários, depois de, em 2023, pedalar cerca de 10.500 quilómetros do Equador até Ushuaia (Argentina), extremo sul da América Latina, pelo projeto “1 euro por 1 quilómetro”.
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Aventurando-se sempre sozinho, Pedro Bento afirmou que, mais uma vez, pedalou sem qualquer apoio. Fez toda a viagem “completamente sozinho, sem apoio externo”, carregando “alimentação, tenda, ferramentas, vestuário e equipamentos”. A única exceção foi na subida ao Kilimanjaro, onde, “por razões de segurança e regulamentação, é obrigatório o acompanhamento por guias locais certificados”, relatou à Lusa.
A preparação para o desafio “envolveu meses de treino intenso, físico e psicológico”. “Trabalhei resistência, força e nutrição. No plano logístico, houve todo um trabalho prévio de análise das fronteiras, vistos, análise de riscos, vacinação e preparação do equipamento para enfrentar diferentes tipos de terreno”, explicou o atleta, sobre a rotina que antecedeu a viagem.
Esta iniciativa teve dois objetivos solidários. O primeiro é apoiar Constança, uma menina com síndrome de Rett, que necessita de terapias especializadas e contínuas para manter e melhorar a sua qualidade de vida. O segundo é ajudar uma escola no Nepal a adquirir material escolar básico.
Os fundos angariados serão repartidos entre as duas causas, “com total transparência e acompanhamento da aplicação de cada contribuição”, explicou.
“O impacto que procuro vai para além do desporto. É também uma forma de sensibilização, que visa mostrar que a resiliência e o esforço pessoal podem inspirar outros e abrir caminhos para outras ações concretas”, disse o atleta, sobre a repercussão que espera que as suas viagens tenham.
As aventuras de Pedro Bento podem ser acompanhadas através das redes sociais, “com atualizações regulares, vídeos, fotos”, onde está disponível toda a informação sobre como contribuir para as causas que apoia, assim como a demonstração de como a verba obtida foi gasta.
O atleta, que conheceu o projeto Dreams of Katmandu quando participou numa prova naquele país, em 2016, sofreu um acidente de moto em 01 de abril de 2017 quando fazia o reconhecimento do percurso para uma prova de BTT que se realizava no dia seguinte.
Contra todas as previsões, Pedro Bento não só não ficou em cadeira de rodas, como conseguiu recuperar fisicamente a ponto de voltar a uma prática desportiva que lhe tinham dito que nunca mais iria fazer.
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