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“O Estado falhou”. MAAVIM não poupa a críticas e defende gente do interior

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 42 minutos atrás em 21-08-2025

O Monte do Colcurinho, no concelho de Oliveira do Hospital, oferece uma visão devastadora da paisagem que ardeu na madrugada de 13 de agosto.

A partir daqui, é possível avistar Piodão, epicentro do incêndio que marcou a região. Oito anos depois do grande incêndio de 2017, esta área continua a mostrar os efeitos da catástrofe.

Nuno Tavares Pereira, da associação MAAVIM, afirma ao Notícias de Coimbra que “falhou quase tudo. Há sempre coisas que se aproveitam das catástrofes, principalmente das pessoas. As pessoas têm muito mais consciência hoje em dia do que é o incêndio e o que pode ser.”

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Nuno Tavares Pereira recorda ainda o incêndio de 2017: “Não chegou a 24 horas e ardeu em vários locais ao mesmo tempo, por causa do vento e por causa de não termos bombeiros. Quando chegaram já tinham o incêndio passado.”

A MAAVIM, criada em 2017 para apoiar pessoas afetadas pelos fogos e consciencializar a população, mantém-se ativa: “Tentamos agrupar pessoas e voluntários de outras partes do país e sermos um meio de reivindicar, principalmente junto do poder central, com medidas que devem ser lançadas no terreno e chamar sempre a atenção para o que está mal, mas também ajudar naquilo que for bom.”

Quanto à atuação do Estado, Nuno Tavares Pereira não poupa críticas: “O Estado para já falhou nesta situação de ter chamado o apoio europeu muito tarde. Depois falha na questão de vir mais cedo para o terreno com as autoridades, com o exército, com as autoridades superiores.”

Critica também a política local e nacional: “Curiosamente, os anos em que existem mais incêndios nos territórios são os anos em que existem autárquicas. Tudo isso revolta as pessoas e acaba por, na luta partidária ou não, contribuir para mais incêndios.”

Entre os avanços, reconhece uma melhoria: “Houve muito mais presença de meios, GNR a cortar estradas, a evacuar pessoas, a confinar aldeias. Mas faltam meios aéreos, faltam meios no terreno, porque houve aldeias que foram os populares que tiveram que combater as chamas porque não havia um único bombeiro.”

O Estado, segundo o dirigente, continua a ouvir pouco as reivindicações do interior: “Fizemos muitas vitórias, conseguimos alteração das medidas de apoio, mas o que fica sempre a lamentar é os que ficaram por fazer e a quantidade de pessoas que nunca recebeu nada dos seus processos”.

Nuno Tavares Pereira conclui com um alerta sobre a desconsideração do interior: “Não temos acesso a nada… pessoas sem comunicações, pessoas que vivem no seu meio rural. O Estado tem que perceber que estas pessoas são portuguesas como todas as outras e têm direito a serviços, apoios e condições para viver.”

A devastação permanece visível 94 meses depois, e, como ressalta Nuno Tavares Pereira, “houve avanços, mas poderá haver ainda muito para fazer. Mas a MAAVIM estará sempre no terreno, a dar a cara e a mostrar as coisas.”

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