Um estudo recente levantou novas preocupações sobre os riscos associados ao uso de cigarros eletrónicos. Investigadores descobriram que várias espécies de fungos – alguns ligados a complicações pulmonares graves – colonizam as boquilhas destes dispositivos, usados diariamente por fumadores.
A investigação, publicada na semana passada na plataforma científica bioRxiv, analisou dispositivos de 25 utilizadores. Os resultados revelaram que mais de metade dos cigarros eletrónicos estavam “abundantemente colonizados” por fungos e que 80% dessas espécies têm potencial para causar problemas de saúde.
A espécie mais comum encontrada foi a Cystobasidium minutum, já associada a infeções sanguíneas em pessoas com sistemas imunitários debilitados. Para compreender os efeitos respiratórios, a equipa fez com que ratos inalisassem o fungo, simulando o vaping. O resultado foi claro: o microrganismo induziu características de bronquite crónica nos animais.
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Jason Smith, coautor do estudo, explicou à New Scientist que “os resíduos deixados dentro do dispositivo podem fornecer uma fonte de alimento para o crescimento de bolores”. Já a investigadora Katy Deitz sublinhou que não ficou surpreendida com os resultados, uma vez que “a maioria dos participantes não limpava os dispositivos”, pode ler-se no ZAP.
O especialista Ian Musgrave, da Universidade de Adelaide (Austrália), reforçou as preocupações: “Há provas de que este método de fumar contribui para doenças pulmonares induzidas por microrganismos. O que é interessante é que a microbiota encontrada neste estudo foi dominada por fungos potencialmente patogénicos, que são raros no microbioma da boca”.
O uso de cigarros eletrónicos é frequentemente apontado como uma alternativa menos nociva ao tabaco convencional e como ferramenta de transição para deixar de fumar. No entanto, este estudo sugere que o impacto do vaping na saúde a longo prazo pode ser mais complexo e perigoso do que se pensava.
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