O concelho de Arganil voltou a ser palco de uma tragédia ambiental. Em Monte Frio, freguesia de Benfeita, o cenário é de destruição total: “Monte Frio virou Monte Negro”, descreve Emídio Martinho, natural da aldeia, ao recordar o dia em que as chamas cercaram a população.
As imagens são claras: onde antes havia um monte verde, resta apenas o negro do cinza. “Não resta uma única paisagem verde. Tudo é negro. As casas ficaram rodeadas pelas chamas, foi uma calamidade”, relatou.
O incêndio apanhou a população de surpresa. “Não tínhamos bombeiros, chegaram quando a aldeia já estava a arder, junto às casas”, recorda.
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Segundo o popular, foram os próprios habitantes que primeiro tentaram conter as chamas: “Na parte norte, um senhor com os seus tanques de água, ajudou bastante. Na parte mais abaixo, eu, os meus filhos e outros vizinhos tentámos segurar para que o fogo não chegasse às casas. Inclusive à igreja. O fogo saltou por cima da igreja, mas ela resistiu.”
Um dos pontos mais críticos foi a Mata da Margaraça, classificada como património da UNESCO. “Está um terço destruída. É incrível como se deixou um património da UNESCO arder”, lamenta.
O fogo desceu rapidamente da encosta da Relva Velha, junto às eólicas, demorando apenas 15 minutos a atingir Monte Frio. “Foi muito rápido, tivemos sorte. Quando os bombeiros chegaram, já tínhamos o fogo em cima da aldeia. Não havia ordem de evacuação. Não há um plano de evacuação. Foi o ‘Deus te ajude’”, denuncia Emídio.
“Há falha de coordenação. O fogo virou e deixou-se fugir. Não iam salvar mais do que salvaram, mas a população não se sentiu em segurança. Quando o fogo chegou, estavam as pessoas de Monte Frio, não estava mais ninguém.”
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