Região

Vários quilómetros de frente de fogo na Pampilhosa da Serra

Notícias de Coimbra com Lusa | 10 horas atrás em 17-08-2025

Imagem: catia beauté fb

A frente de fogo que ganhou força e dimensão, devido ao vento forte e a diversas projeções hoje à tarde, na Pampilhosa da Serra, distrito de Coimbra, tinha pelas 22:30 vários quilómetros de extensão, disse o presidente do município.

Depois das chamas que “queimaram tudo, só se salvaram as casas” na aldeia das Meãs, onde chegaram com “extrema violência” pelas 17:00, terem estado ativas ao longo de 48 horas nas encostas por cima da povoação, Jorge Custódio manifestou-se à agência Lusa desalentado e preocupado, deixando reparos ao comando operacional do incêndio.

“[O incêndio] tomou uma proporção tal que já tem uma frente de fogo com uns largos quilómetros. E o problema é este: se estivéssemos com esta linha de fogo, mas houvesse uma estratégia de ataque. Mas, neste momento, a única estratégia de ataque é defendermos as pessoas, mais nada”, lamentou.

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Para além da aldeia de Meãs, e da vizinha Aradas, onde o fogo também chegou, Jorge Custódio notou que a Portela de Unhais e a sede de freguesia de Unhais-o-Velho “também já são uma preocupação”.

O presidente da Câmara frisou que os serviços municipais, juntas de freguesia, GNR “e mesmo alguns bombeiros” têm tentado, nos últimos dias, sensibilizar as populações para se retirarem das aldeias, voluntariamente e por precaução, “e são muito poucas as pessoas que aceitam sair”.

“Porque a maior parte prefere ficar e defender os seus bens e as suas coisas”, vincou, aludindo a quem defende os vizinhos ou mesmo veraneantes que combatem as chamas nas aldeias, solidários com os moradores.

“Numa aflição destas, todas as pessoas deixam cair as suas barreiras, os seus problemas, e todos tentam ajudar. Há pouco alguém me disse que a nossa dimensão perante este fogo parece, comparativamente, o que são as formigas quando há um problema qualquer e ficam desorientadas”, ilustrou Jorge Custódio.

Por outro lado, o autarca reforçou apelos à necessidade de existirem mais meios de combate na Pampilhosa da Serra, cujo fogo alastrou do incêndio com início na quarta-feira, na freguesia do Piódão, no vizinho concelho de Arganil.

“Ouvi notícias que vinham aviões e vinham meios, é preciso mesmo que esses meios estejam efetivamente e em permanência neste combate. Porque, daqui a bocado, temos um incêndio na Pampilhosa praticamente idêntico ao de 2017, já falta pouco”, argumentou.

Sobre a frente que lavra junto à aldeia de Relvas (Arganil) e que, na manhã de hoje, era a preocupação maior de Jorge Custódio por estar muito perto de entrar na Pampilhosa da Serra – o que não sucedeu ao longo do dia – o autarca disse saber que “está controlada”.

“Tem sido o mesmo comando [operacional] que aqui está que está a controlar essa frente, tem estado a fazer um trabalho para evitar que essa linha de fogo desça ao rio Ceira. Comparativamente ao exagero que aqui aconteceu [na frente das Meãs, que se descontrolou] está controlada, pelo menos até agora”, frisou o presidente da Câmara da Pampilhosa da Serra.

Ao final da noite de hoje, pelas 23:10, quase seis dias depois do incêndio de Arganil ter eclodido, o dispositivo no terreno é o maior de sempre.

Segundo a página da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil estão no terreno mais de 1.100 operacionais, apoiados por 384 viaturas.

 Portugal continental tem sido afetado por múltiplos incêndios rurais desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro, num contexto de temperaturas elevadas que motivou a declaração do estado de alerta desde 02 de agosto.

Os fogos provocaram dois mortos, incluindo um bombeiro, e vários feridos, na maioria sem gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.

Portugal ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, ao abrigo do qual deverão chegar, na segunda-feira, dois aviões Fire Boss para reforço do combate aos incêndios.

Segundo dados oficiais provisórios, até 17 de agosto arderam 172 mil hectares no país, mais do que a área ardida em todo o ano de 2024.

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