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Casal passa férias no Piódão e encontra o inferno. Chamas “estavam mesmo à porta da nossa casa”

O incêndio que deflagrou na madrugada de hoje , 13 de agosto, junto ao Piódão obrigou à evacuação de várias aldeias no concelho de Arganil.
Entre os deslocados está o casal Cidália e Adelino Pereira, que se encontrava de férias na aldeia quando recebeu ordem da GNR para abandonar a casa.
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“Estávamos a quase acabar as férias, mas ainda tivemos de passar por este acontecimento”, contou Adelino, que admite ter resistido inicialmente à ideia de sair: “Não queríamos sair. Mas a GNR aconselhou… temos uma certa idade e eles entenderam que era melhor”.
As chamas aproximaram-se perigosamente da habitação. “Estavam mesmo ao pé da nossa casa”, recorda Adelino, explicando que a decisão de sair foi tomada por precaução. “Estávamos com medo… mas queríamos ficar ali. No entanto, a GNR insistiu e acabámos por vir.”
Cidália recorda que a evacuação decorreu de forma ordeira: “A nossa casa é pertinho do largo. Fizeram com que eu viesse para a casa do povo… não queria vir, mas acabei por aceitar. Estávamos ali todos juntos, os velhotes e as crianças, no sítio mais seguro.”
Ao todo, “foram à roda de 15 ou 16 pessoas” retiradas da aldeia e encaminhadas para o ponto de acolhimento. “Agora estamos bem. Já trataram de tudo, até da medicação”, afirmou Cidália, acrescentando que o casal aguarda indicações para regressar.
A boa notícia chegou entretanto: “Já está tudo calmo. Não ardeu casa nenhuma, só o mato à volta”, confirmou Adelino, aliviado. Ainda assim, mantém-se a preocupação com aldeias vizinhas, como Gramaça e Aldeia das Dez, em Oliveira do Hospital, onde o fogo também ameaçou habitações.
Sobre a prevenção, Adelino reconhece que “há quem não cumpre” com a limpeza obrigatória dos terrenos.
O casal, residente em Lisboa, diz que vai guardar na memória o susto vivido: “É complicado ver as coisas que cuidámos durante tantos anos em risco. Mas o mais importante é que estamos bem e a aldeia continua de pé.”
O avanço das chamas no concelho de Arganil levou esta quarta-feira, 13 de agosto, à evacuação de várias localidades, entre elas Porto Silvado.
Na aldeia de Pomares, encontram-se algumas das pessoas retiradas das zonas de risco, como Maria de Fátima Gonçalves, que estava a passar férias quando foi surpreendida pelo fogo.
“As chamas já estavam mesmo na aldeia. Tivemos mesmo que ser evacuados: crianças, idosos, pessoas com mobilidade reduzida, tivemos de ser todos evacuados. Só ficaram lá a malta jovem, a GNR, bombeiros e proteção civil para guardar as habitações”, relatou.
Enquanto aguarda mais informações, Fátima pondera se regressa já amanhã ou se permanece alguns dias. “Agora estou indecisa se não vou amanhã com o neto”, confessou.
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