Góis recebe nas Festas do Concelho a arte única de Amélia Neves, artesã nascida na aldeia da Cabreira e atualmente residente em Góis.
Entre garrafões pintados com imagens da região, telhas decoradas, peças em madeira de castanheiro e ímans feitos com pedras do rio, o seu trabalho tem atraído visitantes curiosos.
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A paixão pela arte começou longe de Portugal. “Estive em França há 39 anos, caí doente e tive que arranjar coisas para fazer. Trabalhava com crianças com dificuldades e comecei a criar peças da minha autoria, a partir de conchinhas, pedrinhas e plasticina”, recorda.
De regresso a Portugal, em 2005, retomou a pintura e o artesanato. “Em 2000 fiz uma exposição num lavadouro da Cabreira e vendi tudo o que tinha. Ganhei cerca de dois mil euros, nunca tinha ganho tanto”, conta com orgulho.
Ao longo dos anos, o seu trabalho diversificou-se. “Recupero madeira velha, principalmente castanheiro, que dura muito tempo. Também faço sacos com tecidos africanos, ímans e porta-chaves com pedras do rio”, descreve.
O artesanato destaca-se pelo uso de materiais locais. “As pessoas gostam porque trabalho com produtos mesmo daqui: madeira, cortiça, xisto. São coisas que têm identidade e história”, sublinha.
Além do trabalho para venda, a artesã dedica-se ao voluntariado. “Dou aulas de artes às senhoras da terceira idade, em várias freguesias, com apoio das juntas e da Câmara. Faço por manter a tradição e a criatividade vivas”, afirma.
Há cerca de 15 anos que participa nas Festas do Concelho, sempre com resultados variáveis. “Às vezes saímos com 10 euros, outras com 100. Depende dos dias. O mais barato são os ímans, a três euros, e a peça mais cara chega aos 30”, revela.
“As raízes da Cabreira estão sempre comigo. Vou lá de manhã para a missa e para a procissão. Mas é aqui em Góis que hoje partilho o meu trabalho”, conclui.
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