O especialista em qualidade do ar Francisco Ferreira alertou hoje para uma potencial má qualidade do ar nos próximos dias, devido ao calor, aos incêndios e a partículas transportadas do norte de África.
Em declarações à agência Lusa, o coordenador do Centro de Investigação para o Ambiente e Sustentabilidade (CENSE) da Universidade NOVA FCT considerou que, perante as previsões, deve haver um aumento de partículas no ar, de concentração de ozono, como já aconteceu no domingo em alguns locais do continente, e de compostos perigosos para a saúde devido aos incêndios.
PUBLICIDADE
Os incêndios rurais emitem uma “mistura de compostos perigosos para a saúde”, que podem ir de partículas respiráveis (PM10) a partículas finas (PM2,5), de óxidos de azoto a hidrocarbonetos aromáticos, entre outros.
“As partículas finas emitidas pelos incêndios rurais são o poluente atmosférico de maior preocupação para a saúde pública, porque podem viajar profundamente para os pulmões e até mesmo entrar na corrente sanguínea. Estão associadas a mortes prematuras na população em geral e podem causar e agravar doenças respiratórias e cardiovasculares”, disse.
Citando a página QualAr, da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Francisco Ferreira, também presidente da associação ambientalista Zero, apontou as “concentrações extremamente elevadas e preocupantes” de domingo e de hoje em Paços de Ferreira, provavelmente relacionadas com os incêndios recentes.
Os alertas do especialista surgem na sequência, explicou à Lusa, das previsões para hoje e próximos dias da ocorrência do evento natural de poeiras em suspensão, que se conjuga com as temperaturas elevadas.
Poderá haver um acréscimo, até à concentração máxima recomendada, nas concentrações de PM10 e PM2.5, que são pequenas partículas suspensas no ar e que podem causar problemas de saúde quando inaladas.
Francisco Ferreira referiu também que dias como os atuais levam à formação de ozono de superfície, “um poluente secundário gerado a partir de outros poluentes emitidos pelo tráfego automóvel, indústria, fontes naturais como a floresta e também pelos incêndios rurais”.
No domingo, recordou, verificaram-se ultrapassagens do limiar de informação à população em Burgães – Santo Tirso e Paços de Ferreira e em Mem Martins (Sintra).
Com “vários modelos de previsão” a indicarem que hoje e nos próximos dias são prováveis valores de ozono muito elevados, o responsável alertou para a necessidade de as populações, especialmente as mais vulneráveis (crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios e cardiovasculares), estarem atentas a avisos que possam ser emitidos.
PUBLICIDADE