Saúde

60% dos cancros do fígado podiam ser evitados. Casos vão disparar

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 1 dia atrás em 29-07-2025

Um estudo recente publicado na revista científica The Lancet indica que pelo menos 60% dos cancros do fígado poderiam ser evitados. Os cientistas alertam para um aumento significativo no número de diagnósticos, que pode passar dos atuais 870.000 casos anuais para cerca de 1,52 milhões em 2050 a nível mundial.

PUBLICIDADE

publicidade

Dois fatores principais explicam parte deste crescimento: o consumo de álcool, que deverá aumentar a incidência dos cancros do fígado de 18,8% para 21,1% nos próximos 25 anos, e a obesidade, que será responsável por 10,8% dos casos, face aos 8% atuais.

PUBLICIDADE

O estudo destaca ainda que os vírus da hepatite B e C continuam a ser as principais causas deste tipo de cancro. Em 2022, a hepatite B esteve associada a 39% dos casos, sendo a prevenção feita através de vacinação. Já a hepatite C foi identificada em 29,1% dos diagnósticos, e a sua prevenção depende de medidas que evitem o contacto com sangue contaminado.

Os investigadores alertam para o crescimento expressivo dos cancros do fígado relacionados com a MASLD — doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica. Nos Estados Unidos, por exemplo, as taxas de MASLD deverão duplicar até 2050, afetando mais de metade da população adulta (55%), contra 25% atualmente.

A MASLD resulta do acumular de gordura no fígado e pode não causar sintomas evidentes. A obesidade e o diabetes tipo 2 aumentam o risco de desenvolver esta condição. Até recentemente, esta doença era conhecida como doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD).

O maior risco está associado à sua forma mais grave, a esteato-hepatite associada à disfunção metabólica (MASH), que pode causar cicatrizes no fígado, ou cirrose, aumentando o risco de cancro. Estudos recentes indicam que medicamentos para perda de peso podem ser eficazes na reversão dessas cicatrizes. Para além disso, a MASLD pode ser revertida com alterações no estilo de vida, nomeadamente uma alimentação equilibrada e prática regular de exercício físico.

Especialistas ouvidos pela NBC News defendem que os testes e diagnósticos de doenças hepáticas podem melhorar significativamente com uma maior consciencialização entre médicos e pacientes.

“Tratar precocemente as doenças do fígado é a melhor forma de prevenir o cancro do fígado, já que este quase sempre ocorre no contexto de uma doença hepática crónica”, afirmou o Dr. Arun Jesudian, hepatologista no Weill Cornell Medicine.

Uma das estratégias sugeridas para aumentar o rastreio é a utilização da métrica Fib-4, que se baseia em exames de sangue de rotina para estimar a quantidade de cicatrizes no fígado. Este método poderá beneficiar especialmente pacientes com MASH que ainda não desenvolveram cirrose.

PUBLICIDADE

publicidade

PUBLICIDADE