O grupo armado de alegados terroristas atacou hoje a comunidade de Maririni, 50 quilómetros no interior do distrito de Chiúre, na província moçambicana de Cabo Delgado, incendiando casas e levando à fuga da população, relataram fontes locais.
O ataque aconteceu nas primeiras horas do dia, após os terroristas escalarem a aldeia com disparos de armas de fogo.
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“Estão a queimar casas agora”, disse uma fonte, com familiares na localidade.
Outra fonte no terreno disse à Lusa que várias casas de construção simples estão em chamas, com a população em fuga para a vila Chiúre e posto administrativo de Ocua.
Grupos de insurgentes atacaram na quinta-feira a sede do posto administrativo de Chiúre Velho, no sul da província de Cabo Delgado, provocando pelo menos um morto e incendiando o posto policial, centro de saúde e uma escola primária.
O governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, confirmou na sexta-feira à Lusa o ataque de insurgentes em Chiúre, naquela província moçambicana do norte, que obrigou à deslocação da população, mas garantiu que as forças de segurança estão a tentar restabelecer a ordem.
“Em Chiúre houve algumas incursões, as forças no local estavam em prontidão, mas não deixou de haver [o ataque]”, disse Valige Tauabo.
“É preciso que se restabeleça a ordem, e a população em algumas aldeias teve que abandonar para zonas seguras. Mas há proteção do Governo e das Forças de Defesa e Segurança”, garantiu o governador da província de Cabo Delgado.
Populares de duas localidades do distrito de Chiúre, em Cabo Delgado, relataram na quinta-feira à Lusa novos ataques por parte de supostos grupos insurgentes, levando à fuga da população.
“Está mal isso, os terroristas estão a atacar”, disse uma fonte à Lusa, a partir da vila sede de Chiúre, após fugir a pé, na sequência dos alegados ataques ocorridos nas comunidades de Chiúre Velho e Mazeze.
O administrador do distrito de Chiúre, Oliveira Amimo, disse que grupos de rebeldes atacaram duas localidades na manhã de quinta-feira, mas que foram “repelidos” pelas forças de defesa, garantindo que a sede distrital não foi ocupada.
“Os terroristas já foram repelidos pelas Forças de Defesa de Moçambique. Já não estão no distrito”, disse o administrador distrital de Chiúre, acrescentando que durante os ataques os grupos insurgentes queimaram residências e o comando policial local, mas não ocuparam a sede distrital de Chiúre.
“Praticamente todas [as aldeias] ficaram afetadas. Estamos a falar de centenas de famílias”, referiu o administrador.
Localizada a cerca de 140 quilómetros da cidade de Pemba, capital provincial, Chiúre é um dos distritos alvo dos rebeldes.
A província de Cabo Delgado, no norte do país, rica em gás, enfrenta desde 2017 uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.
As novas movimentações de extremistas no norte de Moçambique incluem Niassa, província vizinha de Cabo Delgado, onde, desde a sua eclosão em 29 de abril, provocaram pelo menos duas mortes: dois guardas florestais decapitados.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.
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