Saúde

O açúcar está a matar a libido masculina

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 4 horas atrás em 18-07-2025

Não é raro que homens de meia-idade sofram uma diminuição da libido ou do desempenho sexual. Durante décadas, atribuiu-se este fenómeno ao envelhecimento ou à baixa testosterona. Contudo, novas investigações indicam que o verdadeiro culpado poderá ser muito mais subtil e comum: o açúcar no sangue.

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Um estudo de longa duração apresentado na reunião anual da Endocrine Society, em São Francisco, revelou que mesmo pequenos aumentos num marcador chave do açúcar no sangue estão ligados a uma redução da mobilidade dos espermatozoides e da função erétil, mesmo em homens que não são diabéticos.

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“Embora a idade e os níveis de testosterona tenham sido durante muito tempo considerados os principais responsáveis pelo declínio da saúde sexual masculina, a nossa pesquisa sugere que estas alterações estão mais relacionadas com aumentos modestos do açúcar no sangue e outras alterações metabólicas”, explicou Michael Zitzmann, professor do Hospital Universitário de Muenster, Alemanha, que liderou o estudo.

A investigação acompanhou 200 homens saudáveis entre os 18 e os 85 anos ao longo de seis anos, avaliando a qualidade do sémen, níveis hormonais e saúde metabólica, com especial atenção à hemoglobina glicada (HbA1c), que indica a média do açúcar no sangue nos últimos meses.

Apesar dos níveis hormonais e do volume de sémen terem permanecido, em geral, dentro dos valores normais, os investigadores constataram que a mobilidade dos espermatozoides diminuiu significativamente em homens com valores crescentes de HbA1c, mesmo que estes permanecessem abaixo do limite que define diabetes. A função erétil também se deteriorou, mas apenas nos casos em que a HbA1c aumentou gradualmente.

Em contraste, os níveis de testosterona tiveram pouco impacto na função erétil, embora a libido acompanhasse mais de perto os níveis hormonais — que, por sua vez, também foram influenciados pelos valores de HbA1c. “Isto significa que os homens podem agir para preservar ou recuperar a sua saúde reprodutiva, adotando mudanças no estilo de vida e tratamentos médicos adequados”, acrescentou.

O açúcar no sangue, mesmo em níveis considerados normais, pode prejudicar silenciosamente a saúde sexual anos antes de evoluir para diabetes. “Sabemos agora que está ao nosso alcance preservar o bem-estar sexual e reprodutivo com o envelhecimento”, concluiu.

Muitos homens não pensam no açúcar no sangue até receberem um diagnóstico de diabetes ou um alerta médico. Porém, a investigação alerta que ignorar este fator invisível pode comprometer a saúde e a vitalidade muito antes desses sinais surgirem.

A glicose elevada cronicamente pode danificar os vasos sanguíneos e nervos, essenciais para a excitação e desempenho sexual. Dados dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA indicam que quase 1 em cada 4 pessoas com diabetes desconhece a sua condição, e milhões estão na zona pré-diabética sem sintomas, salvo talvez no quarto.

Este fenómeno silencioso está a ser cada vez mais reconhecido pelos médicos. O Dr. Jamin Brahmbhatt, urologista, sublinha que níveis elevados de glicose podem levar à disfunção erétil antes mesmo do diagnóstico de diabetes.

O estudo FAME 2.0 reforça que a idade conta menos do que a saúde metabólica para a manutenção da saúde sexual masculina. Um homem de 70 anos com açúcar no sangue controlado pode ter melhor função reprodutiva do que outro de 40 com níveis pré-diabéticos, pode ler-se na ZME Science.

Medicamentos recentes, como a semaglutida (Ozempic, Wegovy), usados para perda de peso e controlo glicémico, têm mostrado efeitos positivos secundários, incluindo a melhoria da função sexual e o aumento dos níveis de testosterona em homens que perderam peso.

A mensagem é clara: os sistemas metabólico e reprodutivo estão intimamente ligados, e o açúcar pode ter um impacto maior do que se pensava na saúde sexual masculina.

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