De motorista internacional a viver numa carrinha. Um erro da Segurança Social pode estar a negar justiça a quem mais precisa.
Em 2019, Pedro Silva era um homem com uma vida estável. Trabalhava como motorista internacional. Com um salário entre 2.300 e 2.500 euros, vivia com dignidade. “Nunca fui gastador. Tinha a minha casa, vivia com a minha mãe, e levava uma vida tranquila”, conta, com um misto de orgulho e saudade.
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Mas em agosto desse ano, tudo mudou. Durante um carregamento, Pedro sofreu um grave acidente de trabalho. Caiu de um reboque enquanto prendia a carga e bateu com as costas violentamente numa caixa
metálica. “Fiquei logo sem me conseguir mexer. A coluna ficou desfeita.”Há três anos vive numa carrinha, sem água nem luz, num terreno cedido por um senhorio no Alto da Estação Velha, em Coimbra . É lá que dorme, cozinha, e sobrevive graças à solidariedade de amigos como Paulo Lopes e da Cáritas.“Recebo 242 euros de rendimento social de inserção (RSI). Não chega para os medicamentos, quanto mais para viver.
Em janeiro de 2025, Pedro pediu a pensão por invalidez. Tinha um atestado de incapacidade de 79,6% e documentação médica completa. “Paguei do meu bolso 12 euros e 50 para fazer o atestado de multiusos. Meti todos os papéis em janeiro. Só em junho fui informado que o pedido seria indeferido… porque supostamente já estou a receber uma pensão. Que pensão? Pergunto eu.”
“É um contrassenso. Não tenho pensão, tenho apoio social. Se tivesse uma pensão, não podia receber o apoio social. Até o funcionário da
Segurança Social me disse: “Isto é uma bomba que tem nas mãos”.Pedro está revoltado. Sem recursos para contratar um advogado, sente-se impotente. “Eu não vivo. Eu sobrevivo.”
Já pensou em formas extremas de protesto. “Pensei montar uma tenda à porta da Segurança Social, com
um cartaz a dizer: ‘Onde está a verdade? Ajudem-me!’”Pedro descontou mais de 20 anos como motorista de longo curso. Agora, pede apenas justiça.
“Eu não quero esmolas. Quero aquilo a que tenho direito. Trabalhei, descontei. Porque é que, quando preciso, o Estado vira-me as costas?”
Clique na fotogaleria e veja os documentos que foram trocados entre Pedro Silva e a Segurança Social:




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