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Selfies arruínam a tua imagem, mas o teu lado esquerdo pode salvar-te

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 6 horas atrás em 17-07-2025

Imagem: depositphotos.com

William Shakespeare dizia que “o mundo inteiro é um palco, e todos os homens e mulheres são meros atores”. Hoje, esse palco é o nosso feed das redes sociais, onde as pessoas se apresentam constantemente, muitas vezes através de selfies exibicionistas. Mas será que sabemos o que estas imagens realmente revelam sobre nós?

Um estudo recente mostra que as selfies são geralmente avaliadas de forma mais negativa do que fotografias tiradas por outras pessoas. Quem se fotografa a si próprio é visto como menos confiável, mais narcisista e socialmente menos atraente. Mesmo quando a pose é idêntica, a autoria da selfie gera desconfiança.

No entanto, há um detalhe curioso: as selfies tendem a mostrar mais frequentemente o lado esquerdo do rosto. Esta preferência não é casual — tem a ver com a forma como o nosso cérebro controla as expressões faciais e emoções.

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O lado esquerdo do rosto é mais expressivo, por estar ligado ao lado direito do cérebro, que é mais dominante nas emoções. Por isso, rostos apresentados com a bochecha esquerda são percebidos como mais emocionais e autênticos.

Esta tendência atravessa culturas e aparece em diversas situações. Por exemplo, mães seguram os bebés de forma a mostrar-lhes a bochecha esquerda, maximizando a expressão emocional e até a proximidade aos batimentos cardíacos maternos. Até os grandes chefs preferem apresentar-se com o lado esquerdo do rosto nas capas dos seus livros de receitas.

Nas redes sociais, a preferência pelo lado esquerdo é recompensada: fotos que mostram a bochecha esquerda recebem em média 10% mais “gostos”. Anunciantes e profissionais do marketing digital já parecem ter percebido este “truque” natural para aumentar o envolvimento do público.

No mundo da arte, esta preferência também é evidente. Entre 1474 retratos da Europa Ocidental, 68% das mulheres e 56% dos homens exibem mais o lado esquerdo do rosto. A enigmática Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, mostra mais a sua bochecha esquerda, pode ler-se na ZME Science.

Curiosamente, autorretratos tendem a contrariar esta regra — mas apenas porque são feitos perante um espelho, invertendo a imagem final.

Mas nem todos os retratos seguem esta tendência. Fotografias formais, como as de membros da Royal Society do Reino Unido, não revelam preferência por nenhum dos lados, refletindo uma postura mais fria e impassível, típica do retrato científico.

Os investigadores sugerem que quem quer quebrar o estereótipo do cientista distante deve mostrar o lado esquerdo do rosto para transmitir maior emoção e proximidade.

No fundo, mesmo quando não damos conta, mostramos intuitivamente o nosso “melhor lado” — o esquerdo — na “performance” da vida. E talvez, ao contrário do que pensamos, esta preferência seja uma chave importante para a comunicação emocional humana.

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