Vamos

O som como arte viva: está de volta a Coimbra o “Dar a Ouvir”

Notícias de Coimbra | 22 horas atrás em 15-07-2025

Na sua 9ª edição, o ciclo Dar a Ouvir decorre entre 18 de julho e 31 de agosto, no Convento São Francisco, com destaque para a exposição Três Campos, de Pedro Tudela e Miguel Carvalhais, e para um conjunto de propostas que desafiam os limites da escuta humana.

Entre 18 de julho e 31 de agosto, o Dar a Ouvir regressa a Coimbra para a sua 9ª edição, com um programa ancorado nas artes sonoras e nas práticas artísticas contemporâneas que propõem novas formas de escuta mais atentas à pluralidade dos corpos.

Coorganizado pelo Convento São Francisco/Câmara Municipal de Coimbra e pelo Serviço Educativo do Jazz ao Centro Clube, o ciclo volta a afirmar-se como um espaço de apresentação, criação e de pensamento em torno do som e da escuta, convocando artistas cuja prática contribui para expandir os sentidos – e a sensibilidade – com que escutamos.

PUBLICIDADE

O grande destaque desta edição é a exposição Três Campos, da dupla Pedro Tudela e Miguel Carvalhais, que celebra, em 2025, 25 anos de uma colaboração ininterrupta, marcada por performances, edições e instalações sonoras. Criada especificamente para o Convento São Francisco, Três Campos reúne duas peças inéditas — encomendadas pelo Dar a Ouvir — e uma nova montagem de uma criação de 2022. Cada instalação ocupa uma sala distinta, mas todas se articulam num corpo sonoro coeso, em que espaço, som, arquitetura e infraestrutura se fundem. As obras não se limitam a ocupar o espaço: tornam-se com o espaço, transformando-o temporariamente, criando condições para uma escuta ativa, espacial e somática.

O Convento São Francisco, com as suas características únicas enquanto equipamento cultural e expositivo, acolhe, assim, o núcleo central desta edição. Mas o Dar a Ouvir estende-se também ao Choupal através do Passeio sonoro com Luís Antero, no dia 20 de julho, ligando simbolicamente as duas margens do Mondego e propondo novos pontos de escuta na cidade.

O Dar a Ouvir tem vindo, ao longo das edições mais recentes, a interrogar não apenas o que escutamos, mas como e quem escutamos — num esforço de ampliar o alcance da nossa perceção. Neste contexto, a edição de 2025 começou já em junho, com uma oficina conduzida por Beatriz Romano, jovem artista sonora de 21 anos, com perda auditiva severa diagnosticada na infância. Através do uso de coletes hápticos e sintetizadores analógicos, Beatriz convidou alunos da EB 2/3 Poeta Manuel da Silva Gaio (Escola de Referência para a Educação Bilingue de Alunos Surdos) a experimentar o som com o corpo, devolvendo à vibração e à escuta tátil um lugar central na experiência sonora. A atividade reforçou a missão do ciclo: ouvir também os corpos historicamente excluídos, e questionar as formas como escutamos, nos relacionamos e compreendemos o mundo.

O programa completo tem entrada gratuita, sujeita à lotação do espaço e, mediante levantamento de bilhete no próprio dia, no horário de funcionamento da bilheteira do Convento São Francisco, que está aberta, diariamente, das 15h00 às 20h00. Para mais informações, é possível contactar o Convento, através do telefone 239 857 191 ou do e-mail bilheteira@coimbraconvento.pt, inclusive para a aquisição de bilhetes de Mobilidade Reduzida. 

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE