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Têm aumentado ângulos mortos nos carros modernos (sinónimo de mais acidentes…)

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 3 horas atrás em 14-07-2025

Um estudo recente do Volpe Center, ligado ao Departamento de Transportes dos Estados Unidos, revelou que os ângulos mortos frontais dos condutores têm aumentado consistentemente ao longo dos anos, especialmente nos modelos mais recentes de automóveis.

A pesquisa destaca como as mudanças no tamanho e design dos veículos dificultam a visão direta da área imediatamente à frente do carro, um fator crítico para a segurança no trânsito.

A investigação analisou a visibilidade frontal em seis dos carros mais vendidos nos EUA — Honda CR-V, Honda Accord, Chevrolet Suburban, Toyota Camry, Ford F-150 e Jeep Grand Cherokee — comparando versões lançadas entre 1997 e 2023. Usando uma ferramenta inovadora composta por um smartphone e uma estrutura especialmente desenhada, os investigadores mediram a área visível até 10 metros à frente do veículo a partir do banco do condutor, distância esta que corresponde aproximadamente ao espaço necessário para travar a 16 km/h, velocidade comum em manobras urbanas onde os ângulos mortos são mais perigosos.

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Os resultados foram claros: todos os modelos mostraram uma redução significativa da visibilidade frontal. No caso do Honda CR-V, a visibilidade caiu de 68% no modelo de 1997 para apenas 28% no modelo de 2022. O Chevrolet Suburban teve uma queda semelhante, de 56% em 2000 para 28% em 2023.

O aumento do tamanho dos carros — que hoje são em média 25 cm mais longos, 20 cm mais altos, 10 cm mais largos e pesam 450 kg a mais do que há 30 anos, segundo o IIHS — é apontado como principal causa da maior área de ângulo morto. Além disso, o design tem papel crucial: suportes verticais maiores junto ao para-brisas, espelhos laterais mais volumosos e suas carcaças contribuem para obstruir a visão. Embora existam normas que definem tamanhos mínimos para alguns componentes de segurança, não há limites máximos.

Para mitigar estes riscos, fabricantes como a Chevrolet têm introduzido tecnologias avançadas, incluindo travagem automática de emergência, deteção de peões, câmaras de visão 360 graus e alertas para ciclistas. No entanto, especialistas alertam que essas tecnologias não substituem a necessidade de uma boa visibilidade direta, sobretudo porque veículos com capôs mais altos apresentam maior risco de causar ferimentos graves ou fatais a peões em caso de acidente.

O estudo reforça a importância de repensar o design dos veículos para garantir não só conforto e estética, mas também segurança viária, reduzindo os ângulos mortos e protegendo todos os utilizadores das vias.

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