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Cientistas usam herpes para matar o cancro

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 7 horas atrás em 14-07-2025

Um vírus do herpes geneticamente modificado pode estar prestes a tornar-se o próximo tratamento aprovado para o melanoma avançado — uma forma grave de cancro da pele.

O vírus, conhecido como RP1, conseguiu reduzir ou eliminar tumores em um terço dos pacientes tratados, segundo resultados de um estudo recente publicado na OncLive.

O ensaio clínico envolveu 140 doentes com melanoma em fase avançada, cujos tratamentos anteriores tinham falhado. Os participantes receberam injeções do RP1 diretamente nos tumores, juntamente com o medicamento nivolumab, que ajuda o sistema imunitário a combater as células cancerosas.

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Os resultados surpreenderam os investigadores. 30% dos pacientes viram os tumores encolher e em metade destes casos, os tumores desapareceram completamente — mesmo os que não foram diretamente injetados com o vírus.

“Metade das pessoas que responderam tiveram respostas completas, ou seja, o desaparecimento total de todos os tumores”, revelou Gino Kim In, investigador principal do estudo e professor na Universidade do Sul da Califórnia, à New Scientist.

O RP1 é um herpes simplex modificado, da mesma família do T-VEC, o primeiro vírus antitumoral aprovado nos EUA e Europa, em 2015. No entanto, o RP1 apresenta melhorias significativas. Foi concebido para atacar tumores mais profundos, algo que limitava o uso do T-VEC. Além disso, o RP1 consegue fundir células tumorais com células vizinhas, o que o torna mais eficaz a espalhar-se e a estimular a resposta imunitária.

Com os resultados promissores, a FDA (Food and Drug Administration) poderá aprovar o tratamento já no final deste mês, mesmo antes da conclusão de um ensaio mais alargado com 400 participantes.

A ideia de usar vírus no combate ao cancro remonta a mais de um século, mas só nos anos 90 os cientistas começaram a modificá-los geneticamente para torná-los mais seguros e eficazes. Estes vírus atuam de duas formas: destroem diretamente as células cancerosas e ativam o sistema imunitário contra o cancro em todo o corpo.

Se aprovado, o RP1 poderá representar uma nova esperança para pacientes com melanoma em estado avançado — e um avanço significativo no uso de viroterapia como arma contra o cancro.

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