Saúde

Médico tenta vender injeções a utente no hospital: “Não diga a ninguém, senão vou preso”

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 7 horas atrás em 14-07-2025

Uma utente, de 54 anos, apresentou queixa ao Ministério Público contra um médico de 69 que, durante uma consulta no Serviço de Urgência do Hospital das Caldas da Rainha, lhe terá proposto a compra de injeções de cortisona por 75 euros cada, alegadamente para tratar dores na coluna.

O clínico, contratado por uma empresa externa que presta serviços à unidade hospitalar, terá sugerido que a administração da injeção seria feita fora do hospital, afirmando que procurava um espaço nas Caldas da Rainha para esse efeito. Segundo o relato de Matilde Rodrigues, o médico propôs-lhe a toma de duas injeções por ano e garantiu que os medicamentos eram da sua posse pessoal.

“Comecei a desconfiar porque nunca me pediram para pagar mais do que a taxa moderadora no hospital”, disse a mulher ao Correio da Manhã, acrescentando que o pagamento deveria ser feito diretamente ao médico, e não na secretaria. A utente contou ainda que, mesmo dizendo que não tinha o dinheiro no momento, o médico insistiu em administrar a injeção e pediu que ela voltasse no dia seguinte, às 20:00, para pagar. “Não diga a ninguém porque senão eu vou preso”, terá avisado o médico.

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Matilde Rodrigues referiu ainda que o procedimento lhe causou estranheza, não só por ter sido o próprio médico a administrar a injeção — e não um enfermeiro — como também pelas circunstâncias em que foi feito: “Fechou a porta do consultório, disse-me para respirar fundo, não mandou deitar nem sentar e deu-me uma injeção na nádega”.

No dia seguinte, em vez de regressar para pagar, a utente apresentou uma reclamação no hospital. Um elemento da administração da Unidade Local de Saúde do Oeste articulou então com Matilde uma forma de surpreender o médico em flagrante, no momento em que ela supostamente lhe entregaria o dinheiro. O clínico terá tentado disfarçar, mas a administração notificou a empresa responsável para cessar a sua prestação de serviços, medida que só se concretizou em maio, cerca de dois meses após o incidente.

A utente apresentou igualmente queixa na PSP e foi ouvida pela Polícia Judiciária. O caso está agora a ser investigado pelo Ministério Público.

“A Unidade Local de Saúde do Oeste repudia este tipo de procedimento”, declarou a administração, que já comunicou a situação à Ordem dos Médicos.

“Não o faço só por mim, mas pelos outros utentes. Para que ele não volte a fazer isto a mais ninguém”, afirmou Matilde Rodrigues, acrescentando que, além de tudo, “os efeitos da injeção não foram nenhuns, porque as dores mantêm-se”.

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