Nem sempre é apenas uma característica de personalidade: a velocidade com que falamos pode refletir o estado do nosso cérebro.
Um novo estudo conduzido por investigadores da Universidade de Toronto e do Baycrest Health Sciences, no Canadá, aponta que a fluidez verbal pode ser um sinal precoce de alterações cognitivas, incluindo o declínio das funções mentais.
A investigação contou com a participação de 125 adultos, com idades entre os 18 e os 85 anos, e procurou analisar como a forma de falar se relaciona com o envelhecimento cerebral. Os participantes realizaram tarefas como nomear imagens enquanto ouviam distrações sonoras, descrever imagens durante 60 segundos e completar exercícios de cognição.
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Os resultados foram reveladores: a velocidade com que se nomeiam imagens e se constroem frases está diretamente ligada à função executiva do cérebro, responsável por capacidades como a tomada de decisões, o foco e a gestão de tarefas. Já as pausas para pensar ou procurar palavras surgem como fenómenos normais do envelhecimento, sem implicar, por si só, sinais de demência, dá conta a Forever Young.
“Não foi o tempo que se leva para encontrar uma palavra que mais se destacou, mas sim a fluidez com que se retoma o discurso”, esclareceu Jed Meltzer, principal autor do estudo.
De acordo com os investigadores, a forma como nos expressamos verbalmente pode funcionar como um “termómetro mental”. A avaliação da velocidade da fala poderá, no futuro, vir a integrar as consultas de rotina como uma ferramenta precoce de diagnóstico do declínio cognitivo, antes mesmo de surgirem sintomas mais evidentes.
Contudo, a Associação de Alzheimer reforça que alterações persistentes na linguagem, como a dificuldade em encontrar palavras, continuam a ser um sinal de alerta importante, sobretudo nas fases iniciais da doença.
Para já, o estudo lança uma nova perspetiva sobre um gesto tão comum como falar: a forma como dizemos algo pode ser tão relevante quanto aquilo que dizemos.
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