Justiça

Juíza diz que “não há certeza de que Mónica Silva esteja morta”

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 6 horas atrás em 08-07-2025

A manhã desta terça-feira, 8 de julho, foi marcada por tensão, revolta e desilusão junto ao Tribunal de Aveiro, após a decisão que absolveu Fernando Valente, acusado do homicídio de Mónica Silva.

Apesar das suspeitas e das provas indiretas reunidas ao longo do processo, o coletivo de juízes e o tribunal de júri não consideraram provadas as acusações, deixando Valente em liberdade e com a vigilância eletrónica removida.

À saída do tribunal, populares indignados aguardavam por Fernando Valente, muitos sem saber que este já havia saído discretamente pela porta principal. A Polícia de Segurança Pública posicionou-se junto das áreas de maior concentração de pessoas, tentando evitar confrontos. As declarações inflamadas da tia da vítima deram o tom do descontentamento geral: “Isto é uma vergonha! Só há corrupção! A justiça manda matar!”, acusou, prometendo justiça por outros meios.

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O advogado da família, visivelmente contido, confirmou que irá recorrer da decisão, mesmo que a família esteja relutante em continuar a batalha judicial: “Isto não é uma derrota. É um capítulo. Vamos à relação, depois ao Supremo e ao Constitucional, se for preciso.”

O tribunal deu como não provado o homicídio de Mónica Silva, alegando ausência de provas diretas: não há corpo, arma do crime, nem mensagens ou provas conclusivas.

A rede de sinal do telemóvel e outras provas circunstanciais não foram consideradas suficientemente sólidas.

Os testemunhos de vizinhos, as alegadas limpezas profundas na casa do arguido e as visitas à Torreira e Alvare não convenceram os jurados.

A juíza referiu que “não há certeza de que Mónica Silva esteja morta”, o que fragilizou a tese do Ministério Público.

Em resposta, o advogado defendeu a validade da prova indireta: “Se tivesse sido considerada como provada, o desfecho seria outro.” Comparou o caso a outros processos mediáticos, como o de uma enfermeira no Algarve, que também foi inicialmente absolvida e mais tarde condenada.

O processo seguirá para o Tribunal da Relação do Porto, onde será reavaliado por juízes desembargadores. A acusação espera que essa instância valorize os indícios que, em Aveiro, foram considerados insuficientes. “A justiça faz-se caminhando. Ainda há caminho a percorrer,” concluiu o advogado.

Entretanto, o clima de revolta e frustração domina os familiares e populares: “Se fosse uma família rica, isto não acontecia. Os pobres é que pagam sempre.” – afirmou uma cidadã à reportagem, resumindo o sentimento de injustiça vivido por muitos à porta do tribunal.

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