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 Cidade de Liverpool chora e homenageia futebolista português

Notícias de Coimbra com Lusa | 11 horas atrás em 04-07-2025

Imagem: DR

A cidade de Liverpool homenageou o futebolista Diogo Jota, que morreu hoje num acidente de viação, com a bandeira britânica a meia haste nos paços do concelho e flores e mensagens deixados junto ao estádio de Anfield.

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Num aviso colocado nas grades da sede da Câmara Municipal de Liverpool, a autarquia explica que a bandeira foi “rebaixada a meia haste na sequência da morte de Diogo Jota e do seu irmão, André Silva”, manifestando solidariedade com a família, amigos e adeptos do clube Liverpool FC. 

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Diogo Jota representava os ‘Reds’ há cinco épocas, nas quais conquistou uma Liga inglesa, uma Taça de Inglaterra e duas Taças da Liga. 

A morte inesperada do jogador português, aos 28 anos, juntamente com o irmão, de 26 anos, num despiste em Espanha, causou uma onda de solidariedade que transcendeu rivalidades clubísticas e chegou à política. 

Todas as equipas da Primeira Liga inglesa publicaram comunicados de pesar, incluindo o rival da cidade, Everton, e a antiga equipa de Jota, Wolverhampton, onde esteve três épocas.

“Estamos destroçados. O Diogo era adorado pelos nossos adeptos, amado pelos seus colegas de equipa e acarinhado por todos os que trabalharam com ele durante o seu tempo no Wolves. As memórias que ele criou nunca serão esquecidas”, disse.

Adeptos do Wolves recordaram o jogador com flores e cartões junto ao estádio de Molineux, em Wolverhampton. 

Ao longo do dia, centenas de pessoas foram passando pelo estádio de Anfield para prestar condolências pelo jogador português, deixando ramos de flores junto ao monumento em memória do desastre de Hillsborough, quando morreram 97 pessoas, em 1989.

O Liverpool também colocou a bandeira do clube a meia haste em sinal de respeito e abriu um livro de condolências no estádio. 

Junto às flores foram colocados balões com o número 20 da sua camisola, cachecóis, camisolas e cartões com dedicatórias, muitas incluindo a sigla YNWA, uma referência ao hino do clube “You’ll Never Walk Alone” [Nunca caminharás sozinho].

Companheiros de equipa, como Luis Díaz e Darwin Nunez, antigos jogadores do Liverpool, como Jamie Carragher e Steven Gerrard, e o antigo treinador, Jurgen Klopp, publicaram mensagens de tributo nas redes sociais.  

O sucessor e atual técnico, Arne Slot, confessou que para todos “enquanto clube, o sentimento de choque é absoluto”. 

“O Diogo não era apenas o nosso jogador. Era amado por todos nós. Era um companheiro de equipa, um camarada, um colega de trabalho e em todos esses papéis era muito especial”, salientou.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, lamentou as “notícias devastadoras” da morte de Jota durante uma conferência de imprensa, enquanto a número dois, Angela Rayner, deslocou-se ao estádio para deixar uma coroa de flores, acompanhada pelo presidente da Câmara Municipal de Liverpool, Steve Rotherham. 

“O mundo inteiro está absolutamente desolado e chocado com uma coisa tão trágica para alguém que é muito amado aqui em Liverpool, e penso que toda a cidade está aqui para apoiar a sua mulher, os seus filhos e a sua família”, afirmou a vice-primeira-ministra à estação Sky News.

Rayner encontrava-se na cidade a participar numa conferência de autarcas.

A tragédia também foi assinalada pelo príncipe William, patrono da federação inglesa de futebol e conhecido adepto do Aston Villa, que manifestou “profunda tristeza”.

Em redor do estádio, muitos adeptos mostraram-se emocionados pela morte, não só pela jovem idade, mas também pelo facto de deixar uma família de três crianças e uma mulher, com quem tinha casado há apenas alguns dias.

Durante a tarde, alguns grupos cantaram o hino do clube e a canção que inventaram para Jota, o “rapaz de Portugal”. 

A procissão de adeptos ao cada vez maior tapete de camisolas e cachecóis, não só do Liverpool mas de outros clubes, continuou ao longo do dia e da noite amena. 

Lewis Cole, que já tinha visitado o estádio durante a tarde com a mulher, trouxe o filho Lennox e visitou o local já depois das 22:00 para deixar um cartão postal onde escreveu “serás sempre o nosso número 20”. 

“Quando ouvi a notícia, foi como se sentisse um murro no estômago”, contou à Agência Lusa.

Cole afirma que Jota era o seu avançado do Liverpool favorito porque marcou muitos “golos cruciais”.

“Ele tinha impacto na altura certa e é isso que vamos sentir falta”, disse.

Mark Bell e a filha Millie Martin, que também visitaram o exterior do estádio à noite, não se recordam de uma onda de solidariedade tão grande desde a tragédia de Hillsborough. 

“É certamente por causa das circunstâncias, de ele ser tão jovem e deixar a família”, salienta Mark. 

Millie, que trabalha no estádio de Anfield, lembra alguns contactos que teve com o jogador português, “uma pessoa muito boa, muito humilde”.

“Via-se que ele se preocupava com a família, vi os filhos algumas vezes”, evocou. 

A equipa de futebol do Liverpool só tem planeado o regresso aos treinos após as férias de verão na segunda-feira e não se sabe ainda se haverá algum tipo de homenagem oficial. 

Num segundo comunicado publicado esta tarde, o clube disse que Jota “foi uma figura verdadeiramente decisiva para os Reds, no lugar certo quando a sua equipa precisava da sua capacidade de finalização”.

“O número 20 será imortalizado, com toda a justiça, pela sua contribuição para a conquista do título de campeão do Liverpool em 2024-25 – o 20º do clube”, prometeu.

O próximo jogo dos “Reds” é um amigável previsto para 13 de julho no campo do Preston North End, que joga na segunda divisão do campeonato inglês.

A época da Primeira Liga só começa em 15 de agosto, mas antes o Liverpool, enquanto campeão titular, vai enfrentar o Crystal Palace, vencedor da Taça da Liga, para discutir o troféu Community Shield, em 10 de agosto.

Diogo Jota, de 28 anos, e o irmão André Silva, de 25, morreram, hoje de madrugada, num acidente de viação na A52, em Cernadilla, Zamora, em Espanha.

O avançado luso representava o Liverpool há cinco épocas, clube por quem venceu uma Liga inglesa, uma Taça de Inglaterra e duas Taças da Liga.

Na seleção portuguesa, Diogo Jota somou 49 internacionalizações ‘AA’, com 14 golos, tendo conquistado duas Ligas das Nações.

Depois da formação no Gondomar e no Paços de Ferreira, representou por uma época o FC Porto, por empréstimo do Atlético de Madrid, sendo depois cedido ao Wolverhampton, no qual esteve três temporadas, antes de rumar aos ‘reds’.

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