Diogo Jota foi um avançado capaz de jogar em várias posições do ataque e marcou 150 golos numa carreira sénior de futebolista que o elevou de Gondomar a Liverpool, até morrer hoje, aos 28 anos, num acidente rodoviário.
O sinistro ocorrido em Cernadilla, na província espanhola de Zamora, que também causou a morte ao irmão, André Silva, de 25, encerrou um percurso de um jogador utilizado como extremo, como ponta de lança ou em parelha com outro avançado, oportuno na hora de se desmarcar e competente na hora de finalizar, com qualquer dos pés ou de cabeça.
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Nascido no Porto, a 04 de dezembro de 1996, no seio de uma família operária, Diogo José Teixeira da Silva apontou 136 golos nos 398 jogos oficiais pelos quatro clubes que representou como profissional, o Paços de Ferreira, o FC Porto, o Wolverhampton e o Liverpool, e 14 pela seleção portuguesa, que representou em 49 ocasiões.
O ‘despertar’ para o futebol deu-se aos sete anos, com o ingresso nas ‘escolinhas’ do Gondomar, clube que viria a representar até aos 16, experimentando várias mudanças de posição no relvado: começou como médio esquerdo e tornou-se médio ofensivo, antes de se fixar no ataque, ora no eixo do ataque, ora no corredor esquerdo.
Destaque das equipas sub-17 e sub-19 dos gondomarenses na época 2012/13, Diogo Jota manteve-se fora do ‘radar’ dos designados ‘grandes’ e rumou ao Paços de Ferreira na época seguinte, para representar os juniores (sub-19).
As ‘portas’ do futebol profissional ‘abrem-se’ ao serviço dos ‘castores’, na temporada 2014/15, com o treinador Paulo Fonseca a conceder-lhe a estreia absoluta em 19 de outubro de 2014, na goleada caseira sobre o Atlético de Reguengos (4-0), para a terceira eliminatória da Taça de Portugal, ‘coroada’ com o seu primeiro golo como sénior.
A afirmação de Diogo Jota como ‘talento’ do principal campeonato luso deu-se, porém, na época seguinte, com um registo de 14 golos em 35 jogos oficiais que suscita o interesse do Atlético de Madrid, clube que o contrata aos pacenses num negócio a rondar os sete milhões de euros.
A estreia pelos ‘colchoneros’ nunca se concretizou, fruto dos empréstimos ao FC Porto, na época 2016/17, em que apontou nove golos pela equipa vice-campeã nacional, e ao Wolverhampton, na época 2017/18, onde contribuiu para o título do ‘Championship’, segundo escalão inglês, com 17 golos.
Nos ‘dragões’, Diogo Jota iniciou um ciclo de quatro épocas sob o comando de Nuno Espírito Santo, o treinador que mais o acompanhou na carreira profissional, a par do alemão Jürgen Klopp, que o viria a orientar no Liverpool entre as temporadas 2020/21 e 2023/25.
Contratado a título definitivo pelos ‘wolves’ no início da época 2018/19, o portuense ajudou uma equipa repleta de jogadores lusos, entre os quais Rui Patrício e João Moutinho, a alcançar o sétimo lugar da Premier League por duas vezes e uma qualificação europeia, que guia a equipa inglesa aos quartos de final da Liga Europa.
Pelo meio, Diogo Jota foi convocado para a fase final da primeira edição da Liga das Nações, em 2019, que Portugal vence, mas a estreia pela equipa das ‘quinas’ dá-se mais tarde nesse ano, a 14 de novembro, na goleada caseira sobre a Lituânia (6-0), na fase de qualificação para o Euro2020.
O desempenho no Wolverhampton guiou-o ao Liverpool, um dos emblemas mais sonantes do futebol inglês e mundial, no verão de 2020, em plena pandemia de covid-19, quando os ‘reds’ eram campeões em título, mas Diogo Jota teve de esperar até ao final da mais recente época para erguer um título de campeão, já sob o treinador neerlandês Arne Slot.
Em cinco épocas pelo emblema de Anfield, o avançado luso marcou 65 golos em 182 jogos oficiais, erguendo ainda a Taça de Inglaterra por uma vez, em 2021/22, e a Taça da Liga inglesa por duas, em 2021/22 e 2023/24.
Uma das várias lesões contraídas ao serviço dos ‘reds’, a da panturrilha, uma região da perna, afastou-o dos relvados entre outubro de 2022 e fevereiro de 2023 e, consequentemente, do Mundial2022, no Qatar, mas Diogo Jota viria a ‘saborear’ o principal feito por Portugal em 08 de junho de 2024, com a vitória na Liga das Nações, em Munique.
Também no mês passado, em 22 de junho, Diogo Jota casou com Rute Cardoso, oficializando uma relação da qual tem três filhos: Dinis Silva, de quatro anos de idade, Duarte Silva, de dois, e uma filha, cujo nome não foi divulgado, nascida em novembro de 2024.
Avesso à derrota e sempre pronto a ser o melhor dentro do relvado, o dianteiro era conhecido por treinadores e pessoas próximas como uma pessoa discreta fora das ‘quatro linhas’, que, além do futebol, nutria o gosto pelos videojogos, nomeadamente o Football Manager, um simulador de gestão de equipas de futebol.
Diogo Jota partilhava, aliás, esse passatempo com André Silva, único irmão, que jogava como atacante no Penafiel, da II Liga portuguesa, após passagens pela formação de Gondomar, FC Porto e Paços de Ferreira e pelas equipas seniores de Gondomar e Boavista.
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