Saúde
Abutres, hienas até sapos… Como é que podem estar a colocar em risco a saúde humana?

Imagem: depositphotos.com
Abutres, hienas e outros necrófagos, animais necrófagos, desempenham um papel essencial na natureza ao limpar carcaças em decomposição, prevenindo a propagação de doenças e protegendo o meio ambiente.
No entanto, um novo estudo conduzido por cientistas da Universidade Stanford revela que mais de um terço dessas espécies está em declínio acentuado em todo o mundo, colocando em risco não apenas a biodiversidade, mas também a saúde humana.
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Rodolfo Dirzo, professor de biologia em Stanford, destaca que, apesar do preconceito que estes animais enfrentam, são vitais para o funcionamento dos ecossistemas e para o bem-estar das populações humanas. O estudo, publicado na revista PNAS, analisou 1.376 espécies de vertebrados necrófagos, incluindo abutres, hienas, águias, tubarões e até sapos, e constatou que 36% dessas espécies enfrentam ameaças graves, especialmente aquelas de grande porte que dependem exclusivamente de carcaças para sobreviver.
Um exemplo marcante desse impacto ocorreu na Índia, onde o uso do medicamento diclofenaco para gado na década de 1990 levou à morte de milhões de abutres. A ausência desses necrófagos permitiu a proliferação de cães selvagens, o que resultou em um aumento drástico das infecções por raiva, causando cerca de meio milhão de mortes humanas entre 1992 e 2006.
Porém, os necrófagos enfrentam múltiplas ameaças: perda de habitat, envenenamento acidental, comércio ilegal e consumo de carcaças contaminadas com medicamentos veterinários tóxicos. Os autores do estudo alertam para a necessidade urgente de proteção desses animais, com regulamentações mais rigorosas, preservação de habitats e campanhas de sensibilização para combater o estigma associado a eles.
Chinmay Sonawane, primeira autora do estudo, ressalta que compreender a interdependência entre humanos e necrófagos é fundamental para garantir a conservação dessas espécies e a saúde global. A preservação destes animais é, na verdade, uma medida de proteção direta à vida humana e ao equilíbrio dos ecossistemas que sustentam o planeta.
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