Entre as alergias mais comuns, Ana Môrete, imunoalergologista, refere os dados dos estudos epidemiológicos que estimam uma prevalência global de rinite em 30% da população, de asma alérgica em 10%, de alergias alimentares e medicamentosas em até 5%, e de anafilaxia e alergia aos venenos de himenópteros (abelhas e vespas) entre 1% e 2%.
Além do impacto que têm na qualidade de vida, Ana Môrete salienta que “algumas alergias podem mesmo ser fatais, sobretudo quando causam anafilaxia”. Para a imunoalergologista, esta é a reação alérgica “mais temida por ser súbita e potencialmente fatal, podendo afetar simultaneamente a pele, vias respiratórias, sistema cardiovascular e gastrointestinal”. A anafilaxia pode ser desencadeada por alimentos – como leite, ovo, amendoins, frutos secos, marisco e peixe -, medicamentos – especialmente anti-inflamatórios e antibióticos betalactâmicos – ou por picadas de himenópteros.
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É precisamente com o intuito de alertar para esta reação alérgica que, este ano, o mote para a Semana Mundial da Alergia (assinalada de 29 de junho a 5 de julho) é “anafilaxia, uma ameaça evitável”. “A anafilaxia é, muitas vezes, subdiagnosticada e subvalorizada, sendo muito importante reconhecer os sinais precoces, educar doentes, cuidadores e profissionais de saúde sobre como agir rapidamente e reforçar a utilização de adrenalina autoinjectável que pode salvar vidas e reduzir o estigma e o medo, capacitando os doentes a viver com segurança”, salienta Ana Môrete.
Ainda no âmbito do Dia Mundial da Alergia, a presidente da SPAIC deixa um alerta final: “impulsionada por fatores ambientais e de estilo de vida, a tendência nos próximos anos é a de aumento da incidência e da gravidade das alergias”.
A imunoalergologista explica o porquê: “as recentes alterações climáticas do nosso planeta, sobretudo o aquecimento global, provocam inícios e picos de floração cada vez mais precoces e períodos de polinização mais longos com aumento dos totais anuais de pólenes. Isto traduz-se numa temporada de alergias mais longa e mais difícil com a presença importante de pólenes no outono. Além disso, os níveis mais elevados de ozono e dióxido de carbono, bem como outros eventos climáticos, como as tempestades de areia, que agora atingem frequentemente o nosso país, libertam partículas finas que levam a um risco acrescido de patologia alérgica e respiratória.
Estas alterações climáticas promovem ainda mais a poluição exterior, períodos mais longos de exposição aos pólenes e maior suscetibilidade a infeções, aumentando a expressão, duração e gravidade da doença alérgica. Também a mudança nos padrões alimentares, com maior consumo de alimentos processados e exposição a novos ingredientes, pode estar a contribuir para o aumento das alergias alimentares”.
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