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O amor fatal que deu nome à Lousã: Se visitar o castelo ainda ouve o soluçar apaixonado da princesa Peralta

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 11 horas atrás em 30-06-2025

Num vale esculpido pelas águas do Rio Arouce e protegido pelas encostas da imponente Serra da Lousã, ergue-se um lugar onde a fé e a lenda caminham lado a lado. Entre o antigo Castelo de Arouce e o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, a paisagem conta histórias que atravessam séculos.

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O castelo, construído em xisto local, foi uma peça-chave na defesa de Coimbra durante a Reconquista. Com a sua torre de menagem imponente e o alambor — base espessada da muralha que dificultava ataques —, resiste como símbolo de força e resistência.

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Reza a lenda que a princesa Peralta era filha de Arunce, um rei mouro de Conimbriga que terá mandado erguer o castelo da Lousã. A fortificação, localizada nas entranhas da serra, entre cerrados arvoredos povoados por feras, proporciona um ótimo local de refúgio, em caso de necessidade. E foi isso que aconteceu, quando, inesperadamente, Conimbriga foi atacada pelo príncipe cristão Lausus. De imediato, Arunce decide fugir, trazendo consigo Peralta e todas as suas riquezas para aquele castelo.

Porém, o rei não esperava que, no momento da fuga, a sua filha trocasse olhares com o príncipe Lausus e que, com isso, os dois se apaixonassem. Lausus desconhecia o lugar onde Peralta se refugiara e embrenhou-se pelas serras à sua procura. Arunce, sabendo disso, partiu no seu encalço.

O encontro culminou com a morte dos dois e como ninguém sabia onde era o refúgio da princesa, ela acabou por ficar aprisionada. Em memória, Lausus terá dado origem ao nome da Lousã e Arunce dado o nome ao rio envolvente ao castelo (Arouce). Quanto à princesa, reza a lenda que ainda hoje, de vez em quando, se consegue ouvir o soluçar apaixonado da jovem Peralta à espera pelo seu príncipe.

À sua vista, o santuário distribui-se em três capelas, onde a religiosidade popular se intensifica, especialmente quando, em tempos difíceis, a imagem da Nossa Senhora desce à vila num gesto de fé coletiva. É uma das sugestões do Guia dos 114 Locais Únicos da Região de Coimbra.

Aberta todo o ano e promovida pela Câmara Municipal da Lousã, a visita à Senhora da Piedade é também um convite à descoberta. Um passadiço liga o castelo à vila, e vários trilhos serpenteiam pela serra, conduzindo os visitantes até às encantadoras aldeias de xisto. Neste cenário de beleza natural e património místico, a Lousã revela-se como um destino onde a alma portuguesa encontra raízes profundas.

Se descer até à praia fluvial, a escassos metros do castelo e do santuário, pode encontrar o restaurante O Burgo. No vale encostado à serra da Lousã e dominado pela histórica presença do Castelo de Arouce, destaca-se o restaurante O Burgo, já considerado um verdadeiro ex‑libris gastronómico da região.

Com classificação média de 4,6 estrelas em 812 avaliações no TripAdvisor, o espaço situa-se na 2.ª posição entre as 39 opções locais. Visitantes descrevem uma vista privilegiada para o vale do Rio Arouce, mesmo em dias de chuva. Serve comida típica da Lousã como cozido do Talasnal na Broa: uma especialidade da casa, onde a carne de porco cozida é servida dentro de uma broa e assada no forno, bacalhau com presunto, polvo à Lagareiro, espeto de boi e bife do lombo grelhado.

Se for até à vila da Lousã, pode descansar no que é um gesto de homenagem ao passado ferroviário da vila, a antiga Estação Ferroviária da Lousã — inaugurada em 1906 e encerrada em 2009 — foi transformada no charmoso Lousã Estação AL, um bed & breakfast que tem conquistado tanto turistas como visitantes de negócios. O edifício ainda mantém um bar e snack-bar, estando disponível estacionamento gratuito no local.

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