Saúde
Sindicato rejeita responsabilidade dos técnicos e insiste na incapacidade do INEM

Imagem: INEM
O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) rejeita qualquer tentativa de responsabilizar os profissionais envolvidos no caso do homem que morreu por atraso no socorro e disse que o desfecho se deveu à incapacidade de resposta do INEM.
Numa nota enviada à Lusa, o STEPH insiste na incapacidade de o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) atender os vários pedidos de ajuda que foram encaminhados pela central 112, que atingiu “moldes absolutamente históricos e inéditos” como consequência direta das greves em vigor no mesmo dia (04 novembro de 2024), considerando terem sido mal geridas pelo instituto.
PUBLICIDADE
Aliás, um relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) também divulgado na quarta-feira concluiu que mais de metade das 7.326 chamadas feitas para o INEM no dia em 04 de novembro do ano passado foram abandonadas.
A 04 de novembro de 2024 coincidiram a greve dos TEPH às horas extraordinárias e a paralisação geral da administração pública e, por isso, a IGAS considerou que este foi o dia que provocou “maior perturbação na atividade dos CODU [Centro de Orientação de Doentes Urgentes]”.
O relatório da IGAS aponta ainda o “incumprimento dos serviços mínimos de 80% dos TEPH escalados para o CODU no turno da tarde”, lembrando que estes serviços não foram contestados nem negociados pelo INEM junto dos sindicatos.
Diz ainda que, quanto aos pré-avisos das greves gerais da administração pública, apesar de atempadamente remetidos pelos sindicatos aos gabinetes do Ministério da Saúde, “não chegaram ao conhecimento do INEM”.
Na nota hoje divulgada, o STEPH acusa o INEM de impreparação para gerir as greves em vigor no dia 04 de novembro de 2024 e lembra que o relatório da IGAS aponta “como principais responsáveis o departamento de gestão e recursos humanos e os próprios responsáveis regionais”.
Quanto ao caso do homem que morreu por atraso no socorro, várias fontes contactadas pela Lusa explicaram que a vítima acabou por seguir para o hospital depois de várias tentativas falhadas de falar com o INEM (as chamadas eram atendidas pelo 112, mas não atendidas pelo INEM).
Alertada por um colega do centro operacional 112 para uma situação de potencial enfarte do miocárdio, uma TEPH do CODU Centro – a quem é apontada pela IGAS responsabilidade no atraso de socorro – tentou, sem sucesso, ligar para o utente.
Essa técnica ainda retomou o contacto com o centro operacional 112 para ver se algum colega teria outro número de telefone que pudesse estar relacionado com a mesma ocorrência. À segunda tentativa, consegue falar com um familiar, que informa que a vítima já tinha seguido em viatura própria para uma unidade de saúde, que ambos tinham deixado os telemóveis em casa e que desconhecia qual ou o trajeto escolhido.
Nessa altura, a técnica informa o médico regulador, que confirma a impossibilidade de enviar meios de emergência, dado desconhecerem a localização da vítima.
As várias fontes contactadas pela Lusa explicaram que, mais tarde, os bombeiros recebem um pedido de ajuda direto de um popular e enviam uma ambulância. À chegada ao local, os bombeiros encontraram a vítima já em paragem cardíaca e contactaram o CODU, que enviou a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) de Leiria e a ambulância de Suporte Imediato de Vida do Pombal.
O óbito foi verificado pelo médico da VMER.
A mulher do homem que morreu contou depois aos órgãos de comunicação social que decidiu seguir para o hospital com a vítima depois de várias chamadas para o INEM não atendidas e disse ter recebido uma chamada do INEM 24 horas depois, uma situação que ocorre quando o sistema de ‘callback’ tenta recuperar chamadas perdidas.
Um especialista do INEM explicou entretanto à Lusa que, uma vez que a ocorrência acabou por ser fechada pelos bombeiros, que estiveram no local, o sistema automático não associou o número da mulher da vítima ao caso, daí ter sido feita a chamada de retorno 24 horas depois.
Na nota divulgada na quarta-feira, a IGAS explica que “a morte do utente poderia ter sido evitada caso tivesse havido um socorro, num tempo mínimo e razoável, que tornasse possível a evacuação da vítima através de uma Via Verde Coronária para um dos hospitais mais próximos, onde poderia ser submetido a angioplastia coronária numa das respetivas Unidades Hemodinâmicas”.
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE