Nas ruas de Coimbra, onde o Mondego se arrasta em versos e os sinos da Universidade marcam o tempo com a solenidade dos séculos, há um aroma que se entranha na alma e na memória: o cheiro doce da broa morena acabada de sair do forno. Vem da Casa da Broa, esse refúgio acolhedor que parece ter nascido ali nas mãos de avós e de outras infâncias.
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Na Baixa da cidade, Rua da Moeda, n.º 80, onde o comércio antigo resiste ao tempo dos centros comerciais, a Casa da Broa é mais do que uma padaria. Como os seus clientes afirmam, com um sorriso na boca e migalhas na lapela, “é um pequeno templo da tradição”. O nome não mente, a broa é uma relíquia gastronómica, carrega consigo as raízes da tradição que sempre se alimentou de História.
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Quando se entra na Casa da Broa por curiosidade, saímos convertidos. O espaço é pequeno mas caloroso, exala simplicidade. Não há modernismos exagerados nem vitrinas sofisticadas — há broa, broa a sério. É um adágio artesanal de “mãos e massas, cuidadosamente feitas com amor”, afirma Lúcio Borges.
Com crosta dura, como deve ser, miolo húmido e denso, sem buracos, e um sabor que pede manteiga, eis o retrato da broa.
O empreendedor, Lúcio Borges, que faz o atendimento, conhece metade da cidade pelo nome, e à outra metade trata como se a conhecesse desde sempre. “Hoje quer da amarela ou da escura, bem cozida ou malcozida?”, pergunta, como se um fosse um pregão ou um remédio caseiro.
A clientela é um capítulo à parte: misturam-se estudantes, donas de casa fiéis e senhores reformados que, entre a broa e goles de café, falam de futebol, política e a melhor maneira de cozer milho. A conversa flui, como se aquela casa, embora feita de tijolo e farinha de milho, tivesse paredes porosas, onde cabem todos os temas de todos os tempos.
Há algo mais ali. Talvez seja a resistência silenciosa a um mundo que se quer rápido, leve e embalado. Na Casa da Broa o tempo parece mais lento. Cada fornada é uma ode, com o generoso número de 1000 broas diárias, certificadas pelo Projeto Pão.come da Minorsal.saúde, há mais de 20 anos.
A broa, é o sabor de uma casa com memória, porque ao provar-se, degusta a tradição. Evoca-se a avó que levava o pão ao forno comunitário e lembra as tardes em que um simples pedaço de broa com mel era o bastante para ser feliz.
Em Coimbra, onde a tradição é mais do que uma palavra, a Casa da Broa é uma esquina do tempo de gerações e sabores. Por isso, basta entrar e pedir “o de sempre”, e deixar que o cheiro desperte o apetite.
O horário de funcionamento é de segunda-feira à sábado das 7:00 às 17:00. Domingos e feriados: encerrada.
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