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Sabe o motivo pelo qual a Via Latina se enche de louro? É uma tradição de Coimbra
Imagem: Hugo Faria / UC
A tradição está bem viva na Universidade de Coimbra (UC). Sempre que são atribuídos Doutoramentos Honoris Causa, a emblemática Via Latina enfeita-se com ramos de louro, símbolo ancestral da ciência e da excelência académica.
Há 28 anos, António Parreiral dedica-se a esta tarefa que conjuga simbolismo, história e um toque de cerimónia. Funcionário da Biblioteca Geral da UC, António aceitou o desafio de aprender a tradição com o seu antecessor, antes da sua reforma, e mantém vivo este costume antigo que todos os anos colore a via por onde passam os novos doutores honoris causa.
Na véspera da cerimónia, António desloca-se ao Jardim Botânico da UC, acompanhado do jardineiro-chefe, para escolher o loureiro ideal. Depois, recolhe cerca de 1.500 pontas de louro, num processo que demora entre 20 a 30 minutos. Os ramos são cuidadosamente atados e transportados numa carrinha até à Via Latina, onde são presos às grades ao longo de cerca de uma hora e meia, faça chuva ou faça sol.
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“O segredo é prender muito bem os ramos para que não caiam”, explica António à UC, enquanto descreve a técnica usada para garantir que o enfeite se mantém intacto durante as celebrações.
O loureiro, um símbolo com raízes profundas na cultura greco-romana, representa a vitória e a excelência. Na Antiguidade, os vencedores dos Jogos Olímpicos eram coroados com folhas de louro — um sinal de triunfo que atravessou os séculos e chegou à tradição académica, com os “laureados” a receberem o louro como símbolo do seu mérito.
Até a palavra “bacharelato” pode estar relacionada com esta prática, segundo estudos citados pelo jornal francês Le Monde, derivando do latim e ligada à ideia de ser “coroado com louro”.
“Esta tradição é feita há muitos anos e é uma pena perder-se”, lamenta António Parreiral, que lança um apelo a quem queira aprender a arte do enfeitar a Via Latina com louro: “Eu ensino com todo o gosto”.
Assim, a Universidade de Coimbra mantém viva uma simbologia histórica que homenageia o saber, a ciência e os novos doutores que continuam a prestigiar esta instituição centenária.
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