Dormir com a boca tapada com fita adesiva, prática conhecida como mouth taping, tem ganho popularidade nas redes sociais, especialmente no TikTok, com promessas de inúmeros benefícios para a saúde, como melhor qualidade do sono, aumento da energia, reforço do sistema imunitário e até melhora da digestão.
Mas será que estes benefícios são reais? O que dizem as evidências científicas atuais?
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O mouth taping consiste em aplicar fita adesiva própria para pele nos lábios durante o sono, bloqueando parcialmente a passagem de ar pela boca e promovendo a respiração nasal. Seus defensores afirmam que esta prática corrige a respiração oral, trazendo vantagens para o sono e a saúde geral.
No entanto, a ciência mostra que os benefícios divulgados carecem de provas robustas. Uma revisão publicada no American Journal of Otolaryngology analisou nove estudos e concluiu que a maioria das alegações populares não tem suporte científico. Os efeitos positivos do mouth taping parecem basear-se numa extrapolação indireta dos benefícios já conhecidos da respiração nasal, mas faltam investigações que comprovem sua eficácia direta.
Há algumas evidências preliminares que indicam potenciais vantagens em casos muito específicos, como na síndrome de apneia obstrutiva do sono, mas os estudos são escassos e limitados. Outra revisão publicada na revista PLOS ONE alerta que a prática indiscriminada pode ser perigosa, sobretudo para pessoas com obstrução nasal grave, podendo causar dificuldades respiratórias e até risco de asfixia.
Além disso, o uso inadequado da fita pode provocar irritações cutâneas, alergias e riscos relacionados à ingestão acidental da fita durante o sono.
Especialistas recomendam cautela e reforçam que o mouth taping não é uma intervenção médica validada. Pessoas com sintomas como ronco intenso, sonolência diurna ou suspeita de apneia do sono devem procurar avaliação médica especializada, ao invés de recorrer a modas virais sem base científica.
Assim, apesar de parecer um método simples e económico, o mouth taping deve ser encarado com prudência, até que estudos mais rigorosos comprovem sua segurança e benefícios.
Em tempos de desinformação crescente nas redes sociais, a recomendação é sempre buscar fontes confiáveis e consultar profissionais de saúde antes de adotar práticas que podem afetar o bem-estar.
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