A greve de cinco dias dos trabalhadores dos Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC), iniciada esta segunda-feira, 26 de maio, é o culminar de meses de frustração, promessas por cumprir e silêncio por parte do Governo.
Em declarações ao Notícias de Coimbra, João Soares, motorista e dirigente sindical, denunciou o que considera ser uma completa ausência de vontade política para resolver o problema das carreiras profissionais.
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“Esta greve vem na sequência de outras desde fevereiro. Cancelámos a de abril porque acreditámos numa promessa de negociação, mas o Governo nunca deu qualquer resposta à nossa proposta de revisão das carreiras”, afirma João Soares. “Já cancelaram duas reuniões, não há resposta nem da Câmara nem do Governo. Estão-nos a enganar descaradamente.”
Os trabalhadores exigem a recuperação da carreira de agente único, a atribuição de um suplemento remuneratório e melhores condições de trabalho. “Temos dias e dias de férias acumuladas que não conseguimos gozar porque não há motoristas suficientes para nos substituir”, sublinha João Soares. “Estamos exaustos — de trabalhar e de ser enganados.”
“Andamos cansados, cansados de trabalhar, cansados das mentiras”, indica.
Face à acusação da Câmara Municipal de que esta seria uma luta mais política do que sindical, João Soares responde de forma clara: “Esta greve foi decidida em plenário, pelos trabalhadores, não foi imposta pelo sindicato.” E critica ainda a falta de coerência nas justificações: “O Presidente da Câmara diz que o Governo não negocia sob pressão. O Governo diz que cancelou porque ainda não tomou posse. Um deles está a mentir — eu diria que os dois.”
Segundo o sindicalista, a adesão à greve tem sido massiva: “De 104 autocarros, saíram dois. Estamos a falar de 99% de adesão.” Ainda assim, o impacto não é apenas sentido na cidade: “Cada trabalhador perde cerca de 200 euros esta semana. Não estaríamos aqui se a luta não fosse justa.”
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