Um simples spray de perfume ou um pouco de creme podem estar a alterar a química do ar que respiramos e a afetar a nossa saúde, revela um estudo recente liderado por cientistas do Instituto Max Planck.
A investigação mostra que os produtos de cuidado pessoal interagem com uma “nuvem química invisível” que envolve o corpo humano, podendo ter consequências inesperadas para o nosso organismo.
Esta “nuvem”, conhecida como campo de oxidação humano, foi descoberta apenas em 2022. Ela forma-se quando os óleos naturais da pele reagem com o ozono presente no ar, criando radicais hidroxilo — compostos altamente reativos que ajudam a neutralizar poluentes atmosféricos. No entanto, a nova pesquisa revela que o uso de perfumes e cremes altera esta camada protetora, pode ler-se no Leak.
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Durante os testes, os cientistas observaram que, quando aplicada loção hidratante, substâncias químicas como o fenoxietanol e o etanol evaporavam com o calor do corpo, ficando em concentrações até três vezes superiores junto ao nariz dos participantes, comparado com o ar ambiente. A introdução de ozono artificial no ambiente revelou que a loção reduzia em 34% a produção destes radicais hidroxilo, enfraquecendo assim a “barreira química” natural da pele.
O perfume teve um efeito ainda mais pronunciado, com compostos como o etanol e os monoterpenos a elevarem-se até dez vezes acima das cabeças dos voluntários, modificando a composição do ar ao seu redor.
Embora o estudo não tenha ainda medido diretamente os impactos na saúde, os investigadores alertam para a urgência de aprofundar a investigação sobre as substâncias geradas e os seus efeitos no organismo, sobretudo numa altura em que passamos cada vez mais tempo em espaços fechados, rodeados por cosméticos, ambientadores e outros poluentes interiores.
Esta descoberta desafia a ideia de que os produtos de beleza são inofensivos no seu ambiente imediato, abrindo caminho para uma nova reflexão sobre o impacto invisível, mas real, que têm no ar que respiramos.
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