O presidente do PSD assumiu hoje que adotou uma linha de continuidade face aos executivos de António Costa na política externa e considerou que o faz com maior convicção do que alguns da família socialista do ex-primeiro-ministro.
Luís Montenegro falava perante um auditório completamente cheio na Associação Nacional de Jovens Empresários, no Porto, numa iniciativa que assinala o Dia da Europa.
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A sessão abriu com o eurodeputado social-democrata Sebastião Bugalho a atacar a estratégia de “medo” que disse estar a ser usada pelo PS na campanha eleitoral e a fazer a Luís Montenegro a primeira pergunta sobre a necessidade de Portugal investir em Defesa para cumprir os compromissos com os seus aliados.
Tendo na plateia a ouvi-lo os ministros Paulo Rangel, Nuno Melo e Pedro Duarte, o primeiro-ministro reiterou a sua posição de que o necessário aumento de investimento em Defesa, ao longo dos próximos anos, pode ser uma oportunidade para alavancar vários setores da indústria nacional, rejeitando assim que essa opção se resuma a “passar cheques” através da compra de armamento a outros países.
O presidente do PSD salientou depois que a Europa está sob ameaça e não pode hesitar no seu apoio à Ucrânia contra a invasão russa – uma linha política que fez questão de assinalar ter herdado do anterior executivo socialista.
Neste ponto, foi mesmo incisivo quando explicou o seu posicionamento em matéria de política externa, aproveitando igualmente para visar a oposição.
“Ao contrário daquilo que os outros fazem connosco, não tenho nenhum problema em assumir uma continuidade relativamente ao meu antecessor António Costa, que é presidente do Conselho Europeu, cargo que aliás exerce também com o apoio do Governo de Portugal e o meu pessoalmente”, acentuou.
Luís Montenegro disse não ter qualquer problema em reconhecer essa continuidade política. “Se calhar faço isso com maior convicção do que alguns que fazem parte da família política [de António Costa], mas, enfim, isto é apenas um pequeno aparte”, completou.
O que interessa, de acordo com Luís Montenegro, é que Portugal apresenta uma “grande convergência” nas políticas externa, de segurança e defesa.
“O que está em causa na defesa europeia, na guerra da Ucrânia, é a salvaguarda do nosso modo de vida europeu, da nossa soberania e da nossa liberdade”, advogou, antes de classificar como fundamental que Portugal cumpra “os seus deveres de solidariedade e de responsabilidade” no quadro da União Europeia e da NATO, aumentando os seus investimento em defesa.
Uma área em que Portugal “não pode ficar na cauda da Europa, como vinha acontecendo”, apontou, aqui numa crítica dirigida aos anteriores executivos socialistas.
A seguir, o primeiro-ministro apresentou qual a sua estratégia para que o aumento do investimento em Defesa não se traduza apenas numa subida da despesa do Estado, através do crescimento das importações.
“Temos de aproveitar esse investimento, não para fazer despesa, mas para fazer investimento. Não estamos aqui para passar cheques, não estamos aqui só para comprar material, não estamos aqui para dar a outras nações, com todo o respeito, os dividendos do aumento dos nossos gastos na área da defesa”, advertiu.
Em contrapartida, de acordo com Luís Montenegro, com o investimento em Defesa, Portugal tem uma “oportunidade de alavancar e desenvolver a sua indústria de defesa”.
“Devemos utilizar o aumento do nosso investimento em novas fábricas, em novas áreas de negócio, em serviços, em componentes, eventualmente no setor do armamento, ou em negócios complementares”, considerou, especificando depois setores como a indústria têxtil para o fornecimento de fardamentos, os drones, ou componentes da aeronáutica.
“Aquilo que proponho é cumprirmos os nossos compromissos externos e aproveitarmos essa oportunidade para podermos tirar proveito do investimento que estamos necessariamente obrigados a fazer”, acrescentou.
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