Álvaro Cunhal, Emídio Navarro, António Tabucchi, Alice Vieira ou Ramalho Ortigão são algumas das personalidades que, por estes dias, se tornam personagens principais do Luso. As visitas guiadas, dinamizadas pelo Setor de Turismo da Câmara Municipal da Mealhada, transportam turistas e residentes para as histórias vividas em cada canto, a cada rua, da vila termal.
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A 25 de março de 1949, Álvaro Cunhal é preso na casa clandestina do Partido Comunista Português (PCP), no Luso, com Sofia Ferreira e Militão Ribeiro. É levado para a sede da PIDE no Porto, julgado no ano seguinte e condenado, permanecendo oito anos em isolamento total na Penitenciária de Lisboa. Era o fim de alguns meses de permanência discreta, no Luso, do “casal “Duarte” e “Elvira”, pseudónimos de Cunhal e Sofia Ferreira, que se misturavam discretamente com a população local, ele mais resguardado, devido a problemas de saúde, ela mais exposta, a quem cabia o quotidiano da vida de “casal”, como a ida ao mercado”, explica, Lurdes Réu, técnica de Turismo da Câmara Municipal da Mealhada, a cerca de uma dúzia de participantes na visita guiada “Luso na clandestinidade de Álvaro Cunhal”.
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O percurso inclui a passagem pela casa arrendada, estrategicamente escolhida numa rua, “entre ruelas”, mais resguardada da vila e com bons acessos, no “Luso D’Além” e não do “D’Aquém”, em relação ao ponto central, a Fonte de São João, onde se concentrava a população.
O grupo vai avançando, mirando o casario e tirando fotos, ouvindo as explicações e histórias, com paragens estratégicas, como a que acontece junto à casa de quem fez a denúncia, à Câmara Municipal e, posteriormente, ao Governador Civil de Aveiro, “de um casal que gerava muita desconfiança”.
Esta é uma das muitas visitas que são dinamizadas no principal centro turístico do Município da Mealhada: o Luso, bem às portas da Mata Nacional do Bussaco. Através da história, as visitas e roteiros procuram dar a conhecer o rico património desta localidade e centram-se em diversas temáticas: a história, a literatura, os recursos naturais. Do episódio de Álvaro Cunhal ao legado de Emídio Navarro, ministro do Rei D. Carlos, homenageado com a designação do seu nome à a avenida central do Luso, pelo desenvolvimento que imprimiu à vila. Da literatura, de Alice Vieira, Ramalho Ortigão ou Antonio Tabucchi, ao património natural, com relevo para as nascentes e fontes, moinhos e as termas de Luso.
“Conseguimos combinar a paisagem, as ruas, uma sala de jantar com um livro, com a criação de um autor. Já não é o visitante a passear pelo território com um guia, mas vai com o olhar do autor que escreveu aquela história. Somos lugar de livros e berço de autores e isso é um privilégio que gostamos de partilhar com toda a gente”, sublinha Lurdes Réu.
Esta lógica, de dar a conhecer o território ligando-o a outros tempos, é extensiva à sede de concelho, onde se têm realizado as visitas “Mealhada e os seus caminhos”, e “Caminhar a Mealhada, com livros”.
As visitas são gratuitas e acontecem todos os meses, bastando a inscrição no Posto de Turismo Luso Bussaco.
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