Portugal

Vítor Ramalho realça importância da língua na afirmação da comunidade lusófona

Notícias de Coimbra com Lusa | 41 minutos atrás em 05-05-2025

O antigo secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) Vítor Ramalho afirmou hoje, em Coimbra, que a comemoração do Dia Mundial da Língua Portuguesa transporta para os primórdios de uma certa identidade lusófona.

Trata-se, na sua opinião, de um “dia tão simbólico” que resulta “de um encontro secular” de diferentes povos do mundo, iniciado pelos portugueses no século XV, quando realizaram as primeiras viagens por mar para diversos continentes.

“Hoje é o dia que nos transporta para os primórdios da nossa identidade”, disse Vítor Ramalho, ao intervir na Casa da Lusofonia da Universidade de Coimbra, no âmbito de um tributo público que esta entidade lhe prestou pelo seu papel enquanto secretário-geral da UCCLA entre 2013 e 2024.

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O homenageado integrou vários governos liderados pelo PS, incluindo o executivo do chamado Bloco Central, na década de 1980, em que o socialista Mário Soares partilhou o poder com o social-democrata Mota Pinto.

Vítor Ramalho lamentou que, nos debates entre as forças políticas que concorrem às eleições legislativas de dia 18, não tenha sido ainda abordada a importância da língua para a afirmação de Portugal no mundo, num momento em que o país está a comemorar os 500 anos do nascimento do poeta épico Luís Vaz de Camões.

“Isto é decisivo para o nosso futuro coletivo“, porém, nesses debates da campanha em curso, “não há uma única pergunta sobre o papel de Portugal no mundo”, sublinhou.

Na ótica de Vítor Ramalho, que definiu a aposta na língua portuguesa como “um combate estratégico”, os partidos têm vindo “a perder o ideário para além daquilo que é o poder”.

Dirigindo-se diretamente a dezenas de estudantes timorenses que frequentam a Universidade de Coimbra, o ex-secretário-geral da UCCLA recordou a mobilização da sociedade portuguesa, na década de 1990, em torno da causa da independência de Timor-Leste, que durante séculos foi uma colónia de Portugal.

“Uma coisa fantástica que só nós conseguimos fazer, nós os de língua portuguesa”, enfatizou.

A sessão incluiu uma conferência com o título “Que fazer com a língua portuguesa?”, proferida por Ana Paula Laborinho, diretora em Portugal da Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura.

A oradora expressou uma “enorme admiração” por Vítor Ramalho, “por tudo o que ele fez na UCCLA, tudo o que fez contra ventos e marés”.

“A política tem de ser para o bem comum”, acrescentou, num debate moderado pelo jornalista Eduardo Oliveira e Silva, que na década de 1990 exerceu os cargos de administrador e diretor de informação da agência Lusa.

A língua portuguesa “é veiculada de muitas maneiras”, referiu Oliveira e Silva, para considerar que “a mais discreta” é assegurada pela agência de notícias, designadamente nos países e territórios onde se fala português.

“É uma língua absolutamente universal e notável”, realçou.

Na homenagem, perante estudantes portugueses, timorenses, brasileiros e dos Países Africanos de Língua Portuguesa, intervieram ainda o reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, e o vice-reitor da instituição para as Relações Externas e Alumni, João Nuno Calvão da Silva.

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