Saúde

Cancro do intestino em jovens pode começar na infância

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 2 horas atrás em 05-05-2025

Imagem: depositphotos.com

Uma investigação internacional acaba de identificar uma possível explicação para o aumento preocupante dos casos de cancro do intestino em adultos com menos de 50 anos: uma toxina bacteriana chamada colibactina, produzida por certas estirpes de Escherichia coli no intestino, poderá estar a deixar cicatrizes genéticas desde a infância que, décadas mais tarde, se transformam em cancro.

O estudo analisou amostras de tecido tumoral de 981 pacientes provenientes de 11 países. Em mais de metade dos casos de início precoce (antes dos 50 anos), os cientistas encontraram mutações no ADN compatíveis com os danos causados por esta toxina. Estas alterações genéticas funcionam como uma espécie de “impressão digital” da colibactina, revelando que a exposição terá ocorrido muito cedo na vida – possivelmente ainda na primeira década.

Segundo Ludmil Alexandrov, biólogo computacional da Universidade da Califórnia em San Diego, os dados sugerem que infeções bacterianas durante a infância poderão estar a plantar silenciosamente as sementes do cancro, que apenas germinam décadas depois. No grupo de doentes diagnosticados antes dos 40 anos, as mutações associadas à toxina eram 3,3 vezes mais comuns do que nos doentes com mais de 70 anos, cujo cancro parece estar mais ligado ao envelhecimento natural.

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Este achado vem somar-se a preocupações anteriores relacionadas com os hábitos alimentares e de consumo, como a ingestão de alimentos ultraprocessados e bebidas açucaradas, que também têm sido associados ao aumento da incidência do cancro colorretal em idades jovens.

Apesar das conclusões reveladoras, os investigadores alertam que é necessária mais investigação para perceber exatamente como se dá essa exposição à colibactina e se é possível preveni-la. Uma das próximas etapas será perceber se existem diferenças regionais nas causas e riscos, o que poderia permitir estratégias de prevenção personalizadas por país, como consta no artigo da pplware.

“É possível que diferentes países tenham causas ainda desconhecidas a contribuir para esta tendência”, afirma Marcos Díaz-Gay, investigador do Centro Nacional de Investigação do Cancro, em Espanha.

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